A sensibilidade das mulheres contribui para uma melhor compreensão da graça, da ternura e do amor que Deus tem a cada um de nósAinda há muito por esclarecer, hoje, sobre as características próprias da feminilidade – chamada por João Paulo II de "gênio feminino" – e sobre a contribuição das mulheres na Igreja e na sociedade, como o Papa Francisco já destacou diversas vezes.
"As reivindicações dos legítimos direitos das mulheres, a partir da firme convicção de que homens e mulheres têm a mesma dignidade, colocam à Igreja questões profundas que a desafiam e não se podem iludir superficialmente", reconhece o Papa Francisco na recente exortação "Evangelii gaudium" (n. 104).
Já na viagem de volta do Brasil, em 28 de julho, respondendo aos jornalistas no avião, o Bispo de Roma disse: "Não podemos limitar o papel das mulheres na Igreja ao de coroinha ou de presidente de uma entidade beneficente, não! Deve haver mais, deve haver uma profunda teologia da mulher".
O próprio Papa ofereceu sua contribuição pessoal nesta busca do que é característico da mulher. Em seu discurso aos participantes do seminário organizado pelo Conselho Pontifício para os Leigos, no 25º aniversário da "Mulieris dignitatem", em 12 de outubro, ele destacou a particular sensibilidade das mulheres com relação às coisas de Deus, especialmente na ajuda a uma melhor compreensão da graça, da ternura e do amor que Deus tem a cada um de nós.
Para o Papa Francisco, a função da mulher não se reduz a uma atividade concreta. Ele fala de um jeito de ser: de ser ícone de Maria.
Neste sentido, Núria Calduch-Benages, professora da Universidade Gregoriana, sublinha a necessidade de promover – sem jamais desvalorizar valores como a maternidade e a virgindade – os dons intelectuais, espirituais e pastorais que as mulheres podem oferecer à Igreja.
"São muitos! – disse à Aleteia. O que falta na Igreja é uma presença mais incisiva da mulher, sobretudo nos lugares em que as decisões importantes são tomadas; a questão de fundo continua sendo a exclusão das mulheres do exercício da autoridade na Igreja."
Núria também destacou a "impressionante e indiscutível" contribuição das mulheres na Igreja ao longo da história, afirmando que "o feminismo conseguiu unir milhares de mulheres do mundo inteiro na luta por uma sociedade mais digna e mais justa, na qual os direitos humanos sejam respeitados acima de tudo".
O Papa Francisco recordou, entre outras coisas, que Maria é mais importante que os apóstolos. Mas o que isso significa no âmbito da Igreja e da vida social? A esta pergunta respondeu o núncio apostólico no Iraque e na Jordânia, Giorgio Lingua, no dia 25 de setembro, em Amã (Jordânia), em seu discurso de boas-vindas ao congresso "Mulheres crentes ao serviço da vida, da dignidade e do bem comum".
"Significa que ser cristão é mais importante que o papel, a função que a pessoa desempenha na comunidade – afirmou Dom Giorgio. Significa que o sacerdócio comum (que todos nós recebemos no Batismo) é mais importante que o sacerdócio ministerial; significa que a caridade é mais valiosa que a autoridade; significa que o testemunho é mais valioso que as palavras; significa que "ser" é mais importante que "fazer", e que o serviço é mais importante que o poder."
Muitas coisas poderiam ser ditas sobre a essência da mulher, mas só uma mulher que vive sua feminilidade será capaz de transmitir esta essência, de permitir que os outros percebam o que é o "gênio feminino". Por isso, a tarefa de apresentar e promover uma teologia da mulher depende em particular das mulheres, destacou o núncio.
Segundo Dom Giorgio, as mulheres são as que melhor podem chegar a apresentar "uma teologia do ponto de vista da mulher, com sua sensibilidade, sua inteligência, sua metodologia, sua diversidade".
Com relação ao jeito feminino de levar o Evangelho, o núncio apontou que "uma peculiaridade das mulheres na evangelização é precisamente esta: dar a Palavra – a Palavra de Deus, certamente; porém, muito mais que por meio de 'palavras', elas podem fazê-lo por meio da vida, por meio do seu testemunho".
A Igreja em busca da feminilidade
Johan Larsson
Patricia Navas - publicado em 05/12/13
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