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A Igreja, onde inicia a verdadeira reforma

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Andrea Tornielli - IHU - publicado em 18/12/13
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Talvez seja este o ponto fundamental: a primeira e autêntica reforma é a reforma da “conversão pastoral” que Francisco indica como prioridade para toda a IgrejaA mensagem central da entrevista com o Papa Francisco, publicada neste domingo no La Stampa e no Vatican Insider, é uma reflexão sobre o Natal.

A reportagem é de Andrea Tornielli e publicada no sítio Vatican Insider, 16-12-2013. A tradução é de André Langer, veiculada na IHU On-line nessa terça-feira.

Mas, como sempre acontece, quando se fala com uma autêntica testemunha da fé cristã, as palavras que descrevem o conteúdo desta mensagem não são palavras vazias nem teóricas: contêm conselhos e acentos muito concretos. Assim, por exemplo, destacar o Natal como anúncio de felicidade e não de denúncia das (muitas) injustiças que há no mundo, é um convite para voltar o olhar para o essencial, à superabundância da graça, à resposta humanamente inimaginável representada por um Deus que se faz menino.

As palavras sobre a esperança e a ternura são um convite dirigido a todos: nunca é demasiado tarde para deixar-se surpreender pelo amor de um Deus que nunca fecha as portas. E a capacidade de abraçar, não é uma opção para os cristãos, que são chamados a ser testemunhas da ternura de Deus.

A resposta mais comovente de Francisco foi a da dor inocente das crianças (a falta de um por que foi evocado também por Bento XVI na entrevista televisiva emitida pela À sua Imagem, na Sexta-feira Santa de 2011, ao responder à pergunta de uma criança japonesa sobrevivente do tsunami) e demonstra uma vez mais como o Papa é capaz de fazer perguntas reais e aproximar-se daqueles que estão longe da fé.

Lendo a entrevista, alguns comentaristas sentiram saudades da ausência de abertura, de anúncios de reforma. “Um cardeal ancião – conta Francisco – há alguns meses me disse: ‘A reforma da cúria começou com a missa diária na Capela Santa Marta’. Isto me fez pensar: a reforma começa sempre com iniciativas espirituais e pastorais antes que com mudanças estruturais”.

Talvez seja este o ponto fundamental: a primeira e autêntica reforma é a reforma da “conversão pastoral” que Francisco indica como prioridade para toda a Igreja, e que se encontra inclusive na Exortação Apostólica Evangelli Gaudium. E encontra-se nas obras diárias escolhidas pelo Papa: a missa na Capela Santa Marta e suas homilias simples, compreensíveis e profundas. Privilegiar o contato com as pessoas, de pastor que tem “o cheiro das ovelhas” e que considera prioritário “sair” para ir buscar aquelas que estão afastadas ou perdidas, inclusive à custa de incidentes no caminho dos quais se teria livrado ficando dentro da Igreja. Isto não significa, obviamente, deixar de lado as reformas estruturais que estão em estudo e que para serem bem feitas necessitam de um tempo adequado. Significa, no entanto, confirmar uma vez mais, que a Igreja não é uma empresa e que cada reforma estrutural deve estar orientada apenas para o bem das almas e o anúncio mais transparente do Evangelho.

A propósito dos divorciados recasados, Francisco quis introduzir a questão em um tema muito mais amplo que tem a ver com o casamento e a família, e, sobretudo, insistiu em sua “sinodalidade”.

A valorização dos divorciados recasados, isto é, da colaboração de todo o colégio de bispos, para o Papa é prioritária. Assim, sobre os temas relacionados à família – entre os quais se encontra também a questão da exclusão do sacramento daqueles que vivem uma segunda união depois do divórcio – falarão todos os cardeais reunidos no próximo Consistório, que acontecerá em fevereiro, depois no Sínodo Extraordinário de 2014 e, finalmente, no Sínodo Ordinário de 2015.

A consulta e a escuta de todas as comunidades católicas dos cinco continentes, a valorização das Igrejas locais, assinalam um método de trabalho que vai na direção de recuperar plenamente – junto com o primado de Pedro – o aspecto da colegialidade destacado pelo Concílio Vaticano II. A simples menção à sinodalidade é fundamental também nas relações com o mundo das Igrejas ortodoxas.

Uma vez mais, o Papa não parece ser reduzível aos clichês preconcebidos de quem, em vez de se deixar “ferir” por suas palavras ou por seu exemplo diário, gostaria de ver confirmados seus próprios medos ou seus próprios esquemas ou inclusive seus próprios sonhos e fugas para a frente.

(IHU On-line)

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