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Eu odiava a Igreja Católica, mas a graça de Deus me tocou

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Ignacio Pérez Tormo - publicado em 23/05/14
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O escritor britânico Joseph Pearce, especialista em Chesterton, fala da sua própria conversãoJosephPearce é professor de literatura inglesa e autor de biografias de escritores britânicos como Chesterton, C. S. Lewis e Oscar Wilde, entre outros. Foi batizado na Igreja Católica já adulto.
 
Sua biografia acaba de ser publicada em espanhol (“Mi carrera com el diablo”). Para apresentá-la, Pearce passou por várias cidades espanholas. Em Barcelona, pudemos dialogar com ele sobre o processo criativo do seu último livro e seu conteúdo: sua conversão ao catolicismo.
 
As tendências modernas a fazer biografias não se limitam a descrever a realidade que se observa, mas, de certa forma, a transfigurá-la, transformá-la. Nisso, Pearce tem um bom Colaborador.
 
O que sua biografia pode oferecer aos leitores?
 
Espero que o meu livro demonstre que ninguém está fora do alcance da glória de Deus. Eu já fui preso duas vezes por delitos ligados ao ódio. Odiei a Igreja Católica. Mas ninguém está fora do alcance da graça. Espero que as pessoas leiam o livro, sejam elas cristãs, anticristãs… Que sejam tocadas pela graça de Deus e, pelo menos que ele seja um empurrão na direção certa.
 
O diabo está no título do seu livro. Ele o assusta?
 
O título é, obviamente, um jogo de palavras com o termo “race”, de “raça” e “corrida”. Mas acho que o mal é satânico, porque existe uma dimensão acima da natureza. Não sou um relativista. Acho que a corrida com o diabo não está vencida. Ainda estou nela. Acho que ela só vai acabar quando morrermos. Todos nós temos anjos da guarda para ajudar-nos, temos santos para ajudar-nos e demônios para tentar-nos. Penso que há uma dimensão sobrenatural acima da realidade.
 
Os amigos “mortos” de Pearce: Chesterton e Oscar Wilde
 
A leitura de um livro de Chesterton (“The well and the shallows”), enquanto cumpria pena na prisão pela segunda vez, o fez descobrir algo cuja presença sentia que o acompanhava desde a infância. “Era o bom, o belo e o verdadeiro”, explica. Desde então, ele tem paixão pela leitura dos seus escritores favoritos. Isso o levou a escrever suas biografias. Mas agora ele nos surpreende com a biografia de alguém a quem conhece.
 
O que você aprendeu escrevendo a biografia de outros, para escrever sobre si mesmo?
 
Ao escrever biografias de escritores que nos tocam, chegamos a conhecer muito bem a pessoa sobre a qual escrevemos. Às vezes, digo que tenho como melhores amigos alguns homens mortos. Se você passa muitas horas pesquisando e escrevendo a biografia de um homem (Chesterton, Oscar Wilde etc.), acaba conhecendo-o e ele o ajuda a entender a natureza humana. Escrever uma autobiografia é outra história. Você não consegue deixar de ser subjetivo, mas é preciso aspirar à objetividade.
 
Você teve uma experiência intensa de Deus, uma conversão, e escreveu um livro. Por que o livro?
 
Primeiramente, porque sou escritor. Mas também porque as pessoas sabiam mais extensamente sobre o meu passado em uma organização nazista e nos grupos anticatólicos da Irlanda do Norte do que sobre a minha nova vida cristã.
 
Comecei a sentir cada vez mais que precisava contar a história. Adiei a ideia por muito tempo, porque não tinha certeza de estar preparado para isso. De certa forma, é a coisa mais dura que já escrevi. É muito pessoal e eu quis ser honesto. Mas acho que era preciso fazer isso e estou contente por ter escrito.
 
Tinha chegado a hora. Ele já se sentia preparado para descrever seu caminho rumo a Deus. E define sua situação atual como de “amor racional”. Pearce agora é razão e amor: cabeça e sorriso. Com sua cabeça ordenada, ganhou o respeito dos seus colegas e editores. Com seu sorriso, o coração de todos.

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