Ao chegar à Praça da Manjedoura, entre aplausos e gritos de “viva o Papa”, o Pontífice presidiu à celebração Eucarística
O momento alto das atividades do Papa, na manhã deste domingo, segundo dia da sua Viagem Apostólica à Terra Santa, foi a celebração Eucarísitca na Praça da Manjedoura.
De fato, depois do encontro com as Autoridades Palestinas, no Palácio Presidencial de Belém, o Santo Padre se deslocou, em papa-móvel, à Praça da Manjedoura, também conhecida como “Praça do Berço”, onde era aguardado por uma grande multidão de fiéis e, entre outros, pela Prefeita católica da cidade, Vera Baboun.
Ao chegar à Praça da Manjedoura, entre aplausos e gritos de “viva o Papa”, o Pontífice presidiu à celebração Eucarística, da qual participou, entre as muitas autoridades civis e religiosas, o Presidente palestino, Mahmoud Abbas.
Em sua homilia, o Santo Padre partiu da citação evangélica: “Isto vos servirá de sinal: encontrareis um menino envolto em panos e deitado numa manjedoura”. Comentando este versículo de Lucas (2,12), o Papa Francisco exclamou:
“Que grande graça celebrar a Eucaristia neste lugar, onde Jesus nasceu! Agradeço a Deus e a vocês, que me acolhem nesta minha peregrinação; agradeço ao Presidente Mahmoud Abbas e demais autoridades, ao Patriarca Fouad Twal, os outros Bispos e Ordinários da Terra Santa, os sacerdotes, as pessoas consagradas e quantos trabalham por manter viva a fé, a esperança e a caridade nestes territórios; agradeço ainda as delegações de fiéis, vindas de Gaza e da Galileia, e os imigrantes da Ásia e da África. Obrigado a todos pela presença!
Após a sua saudação, o Bispo de Roma fez uma reflexão sobre o Menino Jesus, nascido em Belém, sinal enviado por Deus a quem esperava a salvação; ele permanece para sempre como sinal da ternura de Deus e da sua presença no mundo. E o Papa continuou:
“Também hoje as crianças são um sinal: sinal de esperança, sinal de vida, mas, sobretudo, sinal de ‘diagnóstico’ para se compreender o estado de saúde de uma família, de uma sociedade, do mundo inteiro. Quando as crianças são acolhidas, amadas, protegidas, tuteladas, a família é sadia, a sociedade melhora, o mundo é mais humano”.
Também para nós, homens e mulheres do século XXI, explicou o Pontífice, isto representa um sinal para procurar o Menino. O Menino de Belém é frágil, como todos os recém-nascidos. Não sabe falar! No entanto, ele é a Palavra que se fez carne e veio mudar o coração e a vida dos homens. Aquele Menino, como qualquer criança, é frágil e, como tal, precisa ser ajudado e protegido. Sobretudo, hoje, as crianças devem ser acolhidas e defendidas, desde o ventre materno.
Infelizmente, neste nosso mundo, que desenvolveu tecnologias tão sofisticadas, recordou o Papa, há tantas crianças que vivem em condições desumanas, à margem da sociedade, nas periferias das grandes cidades ou nas zonas rurais. Ainda hoje há tantas crianças exploradas, maltratadas, escravizadas, vítimas de violência e de tráficos ilícitos; há tantas crianças exiladas, refugiadas, por vezes afundadas anegadas nos mares, sobretudo no Mediterrâneo. Tudo isso deve causar-nos vergonha diante de Deus Menino.
Aqui, o Papa perguntou: “Quem somos nós diante do Menino Jesus? Quem somos nós diante das crianças de hoje? Somos como Maria e José, que acolheram Jesus e cuidaram dele, com amor maternal e paternal? Ou somos como Herodes, que o quis eliminar? Somos como os pastores, que o vieram adorar e trazer seus presentes? Ou ficamos indiferentes e nos limitamos a ser pessoas que exploram as crianças pobres para fins de lucro? Somos capazes de permanecer com elas, ouvi-las, defendê-las e rezar por elas e com elas?
Hoje, continuou o Santo Padre, tantas crianças choram, por fome, por frio, por doença, falta de remédio e de carinho. Neste mundo, onde se proclama a tutela dos menores, as armas acabam nas mãos de crianças-soldado; os menores se tornam trabalhadores e escravos. Quantas Raquéis de hoje choram por seus filhos, e não querem ser consoladas. Este pranto não nos interpela?
O Papa Francisco concluiu sua homilia exortando os fiéis a refletirem sobre esta frase evangélica: “Isto vos servirá de sinal”. Desta profunda reflexão, pode brotar um novo estilo de vida, onde as relações deixam de ser de conflito, opressão ou consumismo, para se tornar relações de fraternidade, de perdão, de reconciliação, de partilha e de amor.