Segundo o cardeal Maradiaga, coordenador do conselho de cardeais criado para reformar a cúria, o papa Francisco está tentando “purificar tudo isso”Em entrevista publicada neste 12 de janeiro ao jornal hondurenho El Heraldo, o arcebispo de Tegucigalpa, cardeal Oscar Rodriguez Maradiaga, confirmou a presença de um “lobby gay” no Vaticano e afirmou que o papa Francisco está tentando “purificar tudo isso”.
O cardeal Maradiaga é o coordenador da comissão de nove cardeais criada pelo papa Francisco para aconselhá-lo e ajudá-lo em suas reformas. Questionado pelo entrevistador sobre a realidade da “infiltração da comunidade homossexual no Vaticano”, Maradiaga respondeu retomando o comentário do Sumo Pontífice, que já tinha sido perguntado a este respeito no voo de volta do Brasil em 2013: “Existe e, como disse o papa, fazem lobby”.
O papa teria feito a primeira menção ao assunto alguns meses depois de ser eleito, durante uma reunião privada com os líderes da Confederação dos Religiosos e Religiosas da América Latina e do Caribe, em junho de 2013. De acordo com a imprensa chilena, Francisco teria dito na ocasião: “No Vaticano, existem pessoas que são verdadeiros santos, mesmo, mas também existe corrupção (…) Falam de um ‘lobby gay’. E é verdade, isso existe (…) Temos que ver o que podemos fazer”.
No mês seguinte, a bordo do avião que o levava de volta à Itália após a Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro, Francisco respondeu a uma jornalista: “Escrevem muito sobre o lobby gay. Eu, até agora, não encontrei ninguém no Vaticano que tenha a palavra ‘gay’ escrita em sua carteira de identidade. Temos que distinguir entre ser gay, ter essa tendência, e fazer ‘lobby’. O problema não é ter essa tendência, o problema é fazer ‘lobby’, e isso vale para todos os ‘lobbies’: para esse, para os ‘lobbies’ de negócios, para os ‘lobbies’ políticos, para os ‘lobbies’ maçônicos”. Foi nessa mesma ocasião que o papa pronunciou a frase que se tornou tão célebre na mídia: “Se uma pessoa é homossexual e busca sinceramente o Senhor, quem sou eu para julgar?”.
Ecoando o pensamento do Santo Padre, o cardeal Maradiaga, conclui: “Nós podemos entender os homossexuais, e a legislação pastoral está aí para ajudá-los, mas o que não está bem não pode ser tido como verdade”.