Um estudo recente sugere que algumas pessoas têm um gene que ajuda a aumentar os seus níveis de felicidade. Mas, se você não tem isso, o que fazer?
Quando se trata de felicidade, eu sempre penso na frase: “a felicidade é um filhote quentinho”. Para mim, esta imagem é perfeita, porque evoca ideias fáceis de assimilar, como a de um filhote quentinho no seu colo e a de que se trata de um momento. E no caso dos filhotes de animais de estimação, esses momentos são apenas meses, não anos.
Apesar de suas palavras inspiradoras, Schulz, o autor dessa frase de Charlie Brown, não se considerava um homem feliz. “Eu não acredito que algum dia possa ser feliz”, Schulz supostamente disse a sua esposa. Embora não seja incomum artistas sofrerem por suas musas, parece estranho que alguém como Schulz, que conseguia entender tão bem a felicidade e levá-la a milhões, tenha que lutar para obtê-la.
Intrigada, comecei a explorar algumas pesquisas recentes sobre a felicidade, e no processo, me deparei com um pensamento ainda mais curioso: deixando os casos clínicos de depressão à parte, haveria alguma razão genética para alguns de nós simplesmente não serem tão felizes em um dia normal? É possível que alguns de nós sejamos naturalmente mais alegres do que outros? E se, por exemplo, Schulz não era feliz porque não estivesse geneticamente predisposto?
Um estudo em particular descobriu que isso pode ser o caso de muitos de nós. Depois de observar e testar cerca de 300.000 pessoas, os pesquisadores isolaram um gene que afeta a forma como as pessoas experimentam felicidade e bem-estar (bem como a depressão). “Agora temos a certeza de que há um aspecto genético para a felicidade”, disse o autor do estudo e professor de genética Meike Bartels. Isso abre as portas para uma pesquisa importante sobre o gerenciamento da depressão no futuro, e também para aqueles de nós que tentam viver mais felizes no dia a dia.
Mas antes de começar a culpar os seus dias mal-humorados pela falta de genes felizes, tenha em mente que a genética não é a história toda. Bartels sugere uma interação delicada entre gênio e vontade. “O ambiente é certamente responsável – até certo ponto – pelas diferenças na forma como as pessoas experimentam felicidade”. Assim, mesmo que alguns de nós não possam se considerar especialmente entusiastas ou alegres por natureza, nós não obtemos por isso uma licença para ser reclamões. Na verdade, o especialista acredita que a felicidade é algo que temos de escolher e perseguir todos os dias.
Então, se eu tenho o gene da felicidade ou não (e eu provavelmente nunca vou saber se tenho!) parece que eu posso ficar bem, contanto que saiba reconhecer os pontos positivos espalhados em minha semana. Porque a felicidade é importante, emocional e clinicamente: felicidade e positividade melhoram a saúde do coração, fortalecem o sistema imunológico, combatem estresse e doenças, aliviam a dor e prolongam a vida. Nós só precisamos configurar alguns reforços para ajudar a encontrar esse sentimento “de filhote quentinho” no dia a dia:
Faça amigos felizes
Assim como nossas mães nos advertiam para escolher sabiamente os amigos quando éramos crianças, precisamos escolher sabiamente nossos amigos quando adultos. É o que afirma a autora e editora de livros infantis Carla Barnhill.
“As pessoas que são positivas atraem outras pessoas positivas e boas experiências para si”, diz Barnhill. “Há algum padrão nisso. Pessoas felizes tendem a encontrar-se mutuamente, e a positividade faz uma grande diferença na forma como elas experimentam a vida. Então, se alguém quiser encontrar mais felicidade, olhe para as pessoas e as experiências que o cercam. Será que elas trazem alegria e bondade para sua vida? Será que elas te preenchem ou te sugam? Você não tem que cortar todos os seus amigos pessimistas, mas pode ajudar enxergar que eles tornam mais difícil para você ser feliz”.
Ilumine-se
“Você tem que fazer uma escolha para encontrar a felicidade”, diz Barnhill. “Mesmo se você está predisposto à felicidade, você ainda tem que se esforçar em colocar o seu foco na bondade e na alegria. A vida pode te puxar para fora do seu ponto de vista muito rapidamente”.
E existem muitas maneiras simples de fazer essa “escolha” e encontrar a felicidade em nossos dias. Mesmo nos momentos mais tristes podemos vislumbrar a alegria, se prestarmos atenção.
Uma das melhores maneiras é tomar nota, ou seja, registrar em um caderno, diário ou bilhetes, ou por meio de fotos… e anotar as coisas boas, bonitas e amáveis que você viu ou viveu durante o seu dia. Essas coisas podem ser tão simples como ver uma menina correndo para abraçar sua avó, ou uma frase muito bem trabalhada em um livro. Ou talvez seja a forma como as nuvens se formam ou o som da música em uma noite de verão. O que quer que seja, observe! E reveja a lista ou as imagens quando você sentir a necessidade de um impulso.
Mas não temos que esperar que algo feliz aconteça, nós também podemos criá-lo. Movimente-se, levante-se e dance, apenas faça algo para a sua alma. As possibilidades são infinitas.
Vá atrás de risos
Não diferente da recomendação de Barnhill para encontrar amigos positivos, encontrar amigos engraçados também ajuda. (Mesmo aqueles amigos que vêm na forma de clipes ou memes divertidos do YouTube.) O riso é o melhor remédio para uma alma que necessita de alguma elevação. Assim, mesmo quando a vida estiver muito difícil ou triste, encontrar o que há de engraçado no mundo ao seu redor e deixar alguém ou algo agradar a sua fantasia pode transformar em bom humor, em curto e longo prazo. A pesquisa continua mostrando que o riso aumenta o nosso consumo de oxigênio e libera endorfinas, alivia o estresse, alivia a tensão e aumenta o nosso sistema imunológico. O que deve fazer de todos nós muito felizes.
Caryn Rivadeneira é autora de cinco livros e colunista da Her.meneutics e ThinkChristian. Ela vive em Chicago com o marido, três filhos e um pit bull. Visite seu site: carynrivadeneira.com