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A dramática descoberta de Robert Alexis Arquette: “O gênero é uma mentira”

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Patricia Navas - Francisco Vêneto - publicado em 24/11/16
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Durante décadas, ele/ela foi um ícone LGBT. Mas…Robert Alexis Arquette, nascido em uma famosa família de atores de Hollywood, interpretou papéis masculinos e femininos diante das câmeras –talvez você tenha visto o filme Pulp Fiction ou a série Friends– e também na sua própria vida real.

Durante décadas, foi um ícone LGBT. Mas, à medida que a sua saúde se deteriorava por causa da aids, ficava cada vez mais difícil, para ele, apresentar-se como mulher. “Levantar e colocar o vestido e a peruca era [esforço] demais para ela”, comentou seu amigo Sham Ibrahim à revista People.

Robert Alexis tinha confidenciado a Sham:

O gênero é uma mentira… Usar um vestido não muda nada biologicamente, não faz uma mudança de sexo… A redesignação sexual é fisicamente impossível. A única coisa que você pode fazer é adotar características superficiais, mas a biologia nunca vai mudar”.

 Ao admitir que o gênero não existe, Robert está se referindo a esse termo no sentido em que ele é aplicado pelos chamados “ideólogos do gênero”.

A ideologia de gênero afirma que existe uma dissociação entre o sexo biológico e a identidade de gênero, ou seja: o corpo de uma pessoa pode ser feminino ou masculino (e isto é o sexo biológico), mas essa pessoa poderia identificar-se como alguém que não “corresponde” a esse sexo biológico (e esta identificação seria o gênero).

A partir dessa premissa, sempre segundo a ideologia de gênero, uma pessoa que é mulher do ponto de vista biológico poderia se identificar com outro “gênero” do ponto de vista psicológico: esse outro gênero poderia ser o seu oposto biologicamente, isto é, o masculino, mas também poderia ser uma infinidade de variações subjetivas, como “transgênero”, “transgênero masculino”, “transgênero feminino”, “transgênero homem”, “transgênero mulher”, “transgênero pessoa”, “transfeminino”, “transmasculino”, “transexual”, simplesmente “trans”, “trans” seguido de outras combinações, “cisgênero”, “gênero fluido”, “não binário”, “pangênero”, “agênero”, “bigênero” e outras diversas possibilidades.

Em outras palavras, a ideologia de gênero prioriza a “impressão subjetiva” do indivíduo quanto à sua suposta “identidade de gênero” em detrimento da autoaceitação e da integração harmoniosa entre a autopercepção subjetiva e a realidade biológica objetiva, gerando assim uma fragmentação pessoal, uma ruptura com a própria identidade sexual que, frequentemente, leva a ilusões e autoenganos que culminam em traumas psicológicos – e até físicos – gravíssimos. Este é o caso não apenas de pessoas que, após anos tentando viver como se fossem o que não são, se reconhecem divididas, incompletas e infelizes, mas também o das vítimas da aplicação mais extrema da ideologia de gênero, já na área médica: ao mentir que é possível “construir uma identidade de gênero” ignorando completamente os fatos biológicos naturais, essa tentativa de aplicação clínica de uma teoria pseudocientífica subjetivista desembocou, por exemplo, no caso estarrecedor dos gêmeos Reimer, cuja história dramática você pode conhecer neste artigo ou acompanhar neste documentário. Trata-se, resumidamente, da história de um menino de 2 anos de idade que foi obrigado a “se transformar” em menina – causando uma catástrofe pessoal, familiar e social arrasadora.

Quando Robert Alexis Arquette faleceu, aos 47 anos, seu irmão Richmond postou no Facebook:

“Nosso irmão Robert, que se transformou em nosso irmão Alexis, que se transformou em nossa irmã Alexis, que se transformou em nosso irmão Alexis, morreu na madrugada de 11 de setembro [de 2016], à 0:32”.

Outra nota, assinada pelos seus quatro irmãos, comentava:

“Nos dias anteriores à sua morte, ele nos contou que já estava visitando o outro lado e que, aonde ele ia, só existia um gênero. Que no outro lado somos livres de todas as coisas que nos separam em vida e que todos somos um”.

Vislumbra-se no conjunto dos relatos uma notável contradição: antes, Robert tinha admitido que o gênero, tal como idealizado por essa teoria, não existe, já que não é possível dissociar-se da própria realidade biológica; depois, ele teria dito que, na eternidade, haveria um único gênero, voltando ao mesmo erro, portanto, de dissociar a identidade sexual do sexo biológico.

A história de Robert Alexis revela, em todo caso, o quanto a ideologia de gênero é confusa e o quanto essa confusão teórica e prática afasta as suas vítimas do encontro pleno consigo mesmas, fomentando a sua fragmentação com base em subjetivismos de enorme “elasticidade” conceitual e impedindo a sua integração harmoniosa com a própria realidade biológica. E, se a realização pessoal requer a integração entre as diversas dimensões da nossa existência, como a dimensão física, a psíquica, a intelectual, a espiritual, bem como os âmbitos social, familiar, profissional etc., então parece evidente que a desintegração entre dimensões tão básicas quanto o corpo e a própria identidade não é compatível com a realização plena.

Quanto às considerações sobre a “identidade sexual” do indivíduo humano na vida eterna, a teologia católica entende que a unidade psicossomática da pessoa humana é tão inerente à sua essência que não deixa de existir nem sequer após a morte biológica: a doutrina sobre a ressurreição dos corpos é coerente com esta visão da unidade psicossomática indissociável do ser humano a ponto de que, mesmo ressuscitado para a vida eterna, o indivíduo continuará sendo o mesmo, único e irrepetível, que sempre foi chamado a ser; só que, agora, atingindo finalmente a plenitude – de alma e de corpo. Daí que não é “casual”, nem “secundária”, nem “descartável”, nem “provisória” a corporeidade da pessoa humana: não somos “espíritos presos a um corpo”; não é que “tenhamos” um corpo; nós “somos” uma unidade de corpo e alma. Mexer com essa unidade é mexer não só em “como” somos, mas, direta e essencialmente, em “quem” somos, desviando-nos do fascinante percurso existencial rumo ao encontro pleno com nós próprios e nos levando a buscar um “eu” que não existe – a não ser em teorias pseudocientíficas cujos resultados têm sido, no mínimo, veementemente questionáveis.

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