Elas têm um amor desinteressado, fruto da experiência de quem ama em dobroSentar-se e ouvir com calma os casos e as histórias de tempos antigos, aprender a cozinhar por essas mãos de pele enrugada, a pregar um botão, ouvir músicas de outra época ou ver fotos antigas de parentes que nunca conhecemos. Estas são atividades de que nunca vamos nos esquecer, pois elas nos aproximam da figura mais doce de nossa história: a avó.
Ela sempre vai conquistando seu espaço em nossos caminhos e, pouco a pouco, se transforma em âncora de nossa vida: a avó nos dá o sentido de pertinência (que tanto nos faz falta), nos ensina de onde viemos e como somos, nos ajuda a encontrar nossa identidade nesta fonte inesgotável de experiência e de vida. Sempre com o carinho e o amor de quem nos ama em dobro, ou seja, como avó e como mãe.
As avós têm um misto de ternura e disciplina que os pais raramente conseguem alcançar. Elas já criaram, erraram, caíram, levantaram. A experiência e o tempo ensinaram-lhes a escolher as batalhas e a não abdicar do que é verdadeiramente importante. Mas também ensinaram que a paciência é uma virtude importante na educação, e que, com amor, tudo fica mais fácil.
Devemos defender com unhas e dentes a necessidade de nossos filhos passarem um tempo com as avós. São tempos para aprender muitas coisas, mas também para se doar ao outro, para ter paciência com quem caminha mais lentamente ou que não vai no ritmo vertiginoso de nossos filhos. São momentos também de mimos e carinhos, de deixá-las desfrutar desse tempo com seus netos.
Precisamos aproveitar de nossas avós, de suas fontes de conhecimento, de suas experiências e de sua sabedoria, que são um tesouro para as famílias. Precisamos também saber absorver os conselhos delas, ouvir suas histórias, aprender as receitas e apreciar as pausas que elas nos obrigam a fazer.
E tomara que nossos filhos tenham a sorte de conviver muito tempo com as avós, para que sintam na própria carne o amor desinteressado de quem ama em dobro. Porque só a avó pode ser duas vezes mãe.