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É possível amar sem discutir?

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Mathilde Dugueyt - publicado em 23/06/17
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E se as discussões de casais não fossem necessárias? Quando entramos em uma discussão, geralmente é difícil conter a ira e raciocinar. Embora haja espaço para o desacordo em uma relação de casal, as discussões não são necessárias para o amor.

Para apaziguar as tensões, a psicoterapeuta Karine Danan aconselha interromper o outro, expondo uma pergunta ou falando sobre si mesmo, ao invés de enredar-se em uma lista de reprovações inúteis do seu companheiro ou companheira. Aqui vai uma entrevista com pequenos conselhos práticos para todos:

Como neutralizar uma discussão de casal?

Com frequência, o que nos leva a uma discussão são nossas emoções. Por isso, a primeira coisa a fazer para neutralizar uma discussão é acalmar a maré emocional, respirando e focando em nosso corpo. Se quisermos evitar uma disputa, temos de reduzir nosso ritmo cardíaco, baixar o tom da voz e suavizar os gestos. Esses são os primeiros passos para retomar o controle de nós mesmos

Depois, é possível encarar a situação de forma mais clara e voltar a uma atitude de ouvir, de dar atenção, amenizando nossa vontade de fazer o outro entender nosso ponto de vista a todo custo. É preciso tentar ouvir de verdade o que o outro está nos dizendo sobre as necessidades dele, para avaliar se podemos atendê-las ou não. Também podemos esperar que o outro se acalme para continuar a conversa ou decidir, juntos, suspendê-la para retomá-la em um momento mais propício.

Que atitudes ou palavras pioram a situação?

Atitudes como não escutar o outro, interrompê-lo quando ele está falando, tentar convencê-lo, usar o sarcasmo, ser condescendente, esconder-se no silêncio, mostrar agressividade ou gritar com frequência agravam muito a situação. As reprovações e o falar do outro ao invés de si mesmo são perspectivas que não levam em conta o ponto de vista do cônjuge e envenenam a situação.

Uma discussão não reflete forçosamente um desacordo, mas, na maior parte do tempo, é fruto de uma dificuldade de prestar atenção no outro ou de ouvi-lo.

Na maioria das vezes, discutimos porque queremos que o outro enxergue as coisas como nós, mesmo que o outro não seja – e nunca será – como nós, e talvez não possa nem queira submeter-se ao que queremos.

Às vezes, dizemos coisas que excedem o que pensamos realmente. Ou, inclusive, fingimos estar escutando. Geralmente, queremos dizer algo e as palavras que saem de nossa boca não representam o que desejávamos dividir. Nesse caso, sempre é possível dar marcha à ré, reformular melhor e certificar-se de que o outro compreendeu a mensagem. O que parece evidente para nós, pode não ter motivo para sê-lo ao outro.

Como retomar o diálogo depois de uma discussão?

A comunicação verbal (as palavras que utilizamos) é somente uma parte da comunicação. Se nossa atitude for incoerente com nossas palavras, o outro reagirá sempre a esta atitude antes de nos escutar. Perdoar não consiste somente em dizer, mas também em todo agir em consequência.

Há um tempo para avaliar os problemas e outro tempo para resolvê-los. A discussão acontece, geralmente, porque tentamos solucionar um problema antes de entendê-lo. A paciência é uma virtude quando queremos viver sem discutir. Saber perdoar é reconhecer nossos erros e reconhecer que ferimos o outro. Sempre nos sentiremos melhor quando os outros reconhecerem que nos feriram.

Quais são os erros básicos de uma discussão?

Continuar com a discussão! Uma vez tomados por nossas emoções, não somos capazes de pensar eficazmente. Nós nos arriscamos a crer que estamos dialogando quando, na realidade, protagonizamos um monólogo diante do outro.

Querer encontrar uma solução a qualquer preço, convencer o outro do nosso ponto de vista e obter uma resposta ou um resultado imediato são bons ingredientes para originar ou piorar uma discussão. As reprovações ou acusações colocam o outro na defensiva, e, quando nos colocamos nesta posição, não estamos abertos ao diálogo.

Outo erro consiste em esperar que o outro não reaja ou reaja com sorrisos a tudo o que dizemos ou a tudo o que fazemos. É preciso permitir que o outro sinta suas próprias emoções sem misturar-se a elas e deixar espaço para que ele ou ela se acalme.

O desacordo não é a discussão, o desacordo nem sempre é agradável. Temos de nos dar o direito de sentir e deixar passar o que sentimos. Temos de tirar um tempo para nos entender e respeitar nossas diferenças.


Para saber mais sobre o tema, acesse: 
www.karinedanan.fr (em francês)

 

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