Ex-porta-voz vaticano conta como o Papa conseguiu dobrar o ditador comunistaA partir da assim chamada “Revolução Cubana”, em 1959, o ditador comunista Fidel Castro foi impondo à ilha caribenha todas as brutais restrições à liberdade que fazem parte da essência do comunismo: o confisco de bens, a censura ao livre pensamento, a perseguição contra quem expressa a própria opinião, a vigilância estatal quase onipresente, as milhares de prisões políticas, o recurso sistemático à tortura e à execução de oponentes…
Além das restrições, o sistema também impõe obrigações, como a adesão forçada ao ateísmo de Estado, mediante a negação total do direito à liberdade religiosa e a punição a quem ousa praticar a sua fé.
O regime comunista, que tem a empáfia de se autodefinir como “a ditadura do proletariado“, confiscou as propriedades da Igreja desde o início da década de 1960 (principalmente depois que os bispos cubanos escreveram uma carta aos fiéis destacando que tal regime é incompatível com a fé católica). Pouco menos de dez anos depois, em 1969, Fidel Castro proibiu até mesmo a celebração do Natal.
Esta proibição durou quase três décadas.
Em 1998, porém, São João Paulo II conseguiu o improvável: que o Natal voltasse a ser celebrado livremente pela população cubana (boa parte das famílias católicas nunca tinha parado de celebrá-lo de modo clandestino, apesar do risco de punições por parte do regime).
O então porta-voz da Santa Sé, Joaquín Navarro-Valls, recordou o caso em uma entrevista que concedeu ao Vatican Insider em novembro de 2016, na qual contou que ele próprio teve de explicar a Fidel Castro que a visita do Papa à ilha, marcada para 21 de janeiro de 1998, precisava ser um grande sucesso a fim de que Cuba surpreendesse o mundo. Fidel concordou. Navarro-Valls lhe falou então das “surpresas” que o Papa esperava. Uma delas era que o Natal pudesse voltar a ser celebrado em Cuba como festa oficial, o que seria inédito desde o início da revolução.
Navarro-Valls contou:
“Ele [Fidel] disse que seria muito difícil, porque o Natal caía em plena colheita da cana-de-açúcar. Eu respondi: ‘Mas o Santo Padre gostaria de lhe agradecer publicamente por esse gesto quando chegar ao aeroporto de Havana’. Depois de uma longa discussão, Castro acabou dizendo que sim. Só que acrescentou: ‘Mas poderia ser ser só este ano’. Eu me limitei a responder: ‘Tudo bem. O Papa vai ficar muito agradecido. E quanto ao próximo ano, vamos ver’”.
O fato é que o Natal continuou no calendário civil de Cuba desde então.
Para ler a entrevista completa (em espanhol) com o ex-diretor de Comunicação do Vaticano, acesse o Vatican Insider.