Uma tradição cristã foi responsável por atribuir a cor azul às meninasJá virou tradição: quando um bebê nasce, os pais o vestem de azul (se for menino) ou de rosa (no caso das meninas).
Desde muito tempo, as cores, segundo o que se acredita, representam estereótipos sexuais para identificar o masculino e o feminino.
Mas nem sempre foi assim. As cores também têm sua história e, para entendê-la, é preciso voltar ao século XII.
Na Idade Média, a roupa branca – imagem de pureza e inocência – era comum entre as meninas e meninos até os seis anos. Aos poucos, o azul foi sendo introduzido no mundo ocidental devido ao culto mariano.
A Virgem era vestida com uma cor formada por um pigmento azul claro, o lápis-lazúli, tão preciso que custava tão caro quanto o ouro. A tonalidade virou, então, a cor divina da Virgem Maria, a cor feminina por excelência. A cor rosa, por outro lado, era símbolo de força e poder.
O azul
Transformado em cor da Virgem, o azul brilhava em vitrais góticos e esculturas. A Virgem vive no céu. E, pela primeira vez no Ocidente, o céu era pintado de azul. A cor passou a representar a ideia de divindade, de calma, serenidade e paz. Você sabia, por exemplo, que os teólogos diferenciam a luz divina da luz terrena? A primeira é azul; a segunda, branca.
Então, a cor azul entrou na moda. O rei da França colocou-se sob a proteção da Virgem Maria com flores de lis ornamentadas sobre um fundo azul.
Depois, os senhores da aristocracia se apropriaram disso e foram seguidos pela burguesia. Assim, o azul “divino”, cada vez mais, deixava de ser “divino”.
Segundo Michel Pastoureaux, autor de Azul, historia de un color (“Azul, história de uma cor”), o azul, através de suas inúmeras variações de tom, foi ganhando os escudos das armas, as insígnias e as bandeiras dos uniformes militares. Com isso, a cor se transformou em símbolo do poder político e bélico. Portanto, próprio dos homens.
Em 1930, os enxovais para bebês começaram a se diferenciar e as famílias ricas começaram a adotar o azul para os meninos.
O rosa
Até o século XVIII, a cor rosa era associada exclusivamente aos homens. No entanto, era um “vermelho claro”, uma cor de carne e não um rosa propriamente dito.
Os gregos antigos já atribuíram a cor aos seus filhos, e consideravam os meninos mais produtivos que as meninas.
O rosa era muito usado na Idade Média e no Renascimento, como mostram as representações artísticas da época. É possível ver muitos cavalheiros com calças cor-de-rosa. Até o Cristo, em uma pintura de Bronzino (A Crucificação, 1545), também tem um toque de rosa.
A cor, depois, ganhou outra dimensão. A marquesa de Pompadour achava que o rosa era “de uma finura requintada” e o levou a Versalles, arrastando cortesãs, que começaram a imitá-la ao vestirem suas filhas de cor-de-rosa.
Com a chegada do movimento romântico, no século XIX, o rosa virou a encarnação da ternura, da suavidade, símbolo de feminilidade por excelência. E é assim até hoje.