A França proibiu crianças e modelos muito magras, mas precisamos continuar redefinindo o que é beleza, com uma pequena ajudaMudanças estão acontecendo na indústria da moda, finalmente. Depois que dois decretos foram anunciados pelo governo francês, o estado da saúde das modelos agora está se tornando uma prioridade. É necessário um certificado médico atestando um IMC (Índice de Massa Corporal) saudável para aqueles que desejam modelar na passarela. E não haverá mais jovens com menos de 16 anos em desfiles de moda ou revistas em roupas não destinadas a sua faixa etária. Já estava na hora; a saúde de uma modelo deve ser uma prioridade, e essas medidas minimizarão os distúrbios alimentares que parecem ter sido encontrados nesta indústria.
Além disso, os novos decretos também afetarão a forma como as modelos são percebidas pelo público em geral. Qualquer imagem digitalmente alterada destinada a uso comercial na França terá que ser rotulada com “photographie retouchée” – fotografia retocada. Sim, agora saberemos que a imagem perfeita que vemos diante de nossos olhos não é exatamente o que parece.
Não se trata apenas da saúde dos modelos, embora, é claro, isso seja motivo de preocupação; é também sobre a mensagem que está sendo dada àqueles que são influenciados por essas imagens de mulheres aparentemente perfeitas – em particular meninas jovens.
Conversamos com a psicoterapeuta Catherine Bronnimann, que também é autora de Psyche’s Dress: an essay on the link between psychoanalysis and clothing, sobre o papel que a moda tem de desempenhar e sobre como devemos redefinir o que é beleza, com uma pequena ajuda da Bíblia também.
A importância de transmitir os valores certos às gerações mais novas
Em uma sociedade onde a imagem de uma mulher foi reduzida ao corpo, as mais jovens são as mais vulneráveis. “A moda tem uma influência muito poderosa sobre as jovens e adolescentes”, explica Bronnimann. “Elas querem se identificar. Particularmente, pessoas que não têm muita autoestima e que pensam que, ao serem como as modelos, sua vida será diferente. Devemos nos livrar desse ideal inalcançável e entender que as mulheres não são cabides. Isso pode levar algum tempo, mesmo que alguns jovens estudantes e designers estejam começando a levar em consideração a questão”.
A necessidade de respeitar seu corpo
Como a Bíblia nos lembra, uma pessoa é um ser espiritual e corporal ao mesmo tempo. A saúde é preciosa, e cuidar de si mesmo é importante. “O corpo ideal não é o sonho irrealizável [retratado em fotos retocadas]”, ressalta Bronnimann. “Não podemos apagar as partes que não gostamos. Esses decretos estão preocupados com a magreza, bem como com nossas rugas, deficiências, estrias etc.”. Essas pequenas imperfeições também são um reflexo de nossas experiências; elas fazem parte integrante de nossas personalidades. Apagar esses detalhes também significa apagar um pouco de nós mesmos; nós precisamos aceitar nossos corpos como são. Ao mesmo tempo, “manter o conforto e as habilidades motoras de nosso corpo é importante”, continua a psicoterapeuta. “Precisamos cuidar do nosso corpo para conservá-lo”. Então, para honrar nosso corpo como Deus o criou, o primeiro passo é respeitá-lo seguindo alguns bons hábitos de vida.
O corpo é um diário visual de nossas vidas
“Uma mulher não é apenas um corpo!”, lembra-nos Bronnimann. É importante cuidar do nosso corpo, e é muito importante não prestar muita atenção também. A adoração da perfeição física é sempre prejudicial e traz consigo uma série de efeitos colaterais negativos, como distúrbios alimentares, depressão etc. Ao longo dos anos, nossos corpos se desenvolvem de acordo com diferentes estágios da nossa vida, e tudo bem. Aceitar essas mudanças significa desenvolver nossa maneira de pensar.
A beleza natural está começando a ter mais reconhecimento
Na maioria das revistas de moda, as imagens das mulheres são retocadas, alterando a beleza natural de cada modelo. É lamentável que uma aparência física idealizada ainda tenha mais valor para algumas publicações do que a autenticidade, porque são as poucas imperfeições que tornam as modelos mais reais, humanas e confiáveis, com uma beleza mais natural. Por sorte, certos meios de comunicação – como Verily – favorecem a transparência, usando fotografias de mulheres como elas são; o lema da revista é: “Menos de quem você deveria ser, mais de quem você é”. Este é um pequeno passo, que olha as mulheres de maneira mais gentil, corpo e alma, e questiona o falso ideal da beleza no mundo da moda.