O arcebispo de Paris quis manter a tradição de venerar a Santa Coroa, especialmente em tempos de pandemia, para “transmitir uma mensagem de esperança”Apenas 7 pessoas puderam entrar em Notre Dame nessa Sexta-feira Santa. A catedral está interditada por causa do incêndio que a consumiu um ano atrás.
Mas o arcebispo de Paris, Michel Aupetit, quis abrir a catedral para a veneração de uma das relíquias mais preciosas do cristianismo, a Santa Coroa de Espinhos.
Toda Sexta-feira Santa ela é exposta e venerada no templo. Por isso, no contexto da pandemia, o arcebispo quis manter essa tradição e “transmitir uma mensagem de esperança nesta Páscoa”.
A cerimônia, simples, mas cheia de significado, foi transmitida pela TV e internet.
Entre as 7 pessoas que puderam entrar no templo estavam o arcebispo, o reitor da catedral e seus assistentes, um violinista e dois atores que leram vários textos.
Todos eles estavam vestidos com roupas especiais e usavam capacetes de proteção.
O Santa Coroa foi salva pelos bombeiros horas depois que o incêndio começou. Duas outras relíquias também escaparam das chamas: um pedaço da Cruz de Cristo e um dos pregos usados para crucificar o Senhor.
A tradição afirma que Santa Helena, mãe de Constantino, recolhera todas as peças relacionadas à Paixão de Cristo que, ao longo dos primeiros séculos, tinham ido parar em diferentes destinos.
Por um longo tempo, em Constantinopla, os imperadores bizantinos protegeram esses valiosos testemunhos da crucificação.
No entanto, no século XIII, o último imperador latino de Constantinopla, mergulhado em dificuldades econômicas, ofereceu a Luís IX a Santa Coroa. Mas os governantes do império já haviam negociado a venda da relíquia com comerciantes venezianos.
O rei da França não se resignou a perder um objeto tão valioso e depois comprou a coroa desses comerciantes. Para sua veneração, ele construiu a Sainte Chapelle, localizada a poucos metros de Notre-Dame, para onde a relíquia foi finalmente levada no início do século XIX.
Nessa Sexta-feira Santa, a oração em forma de música fez-se ouvir novamente dentro da catedral devastada.
Textos de Paul Claudel, Madre Teresa e Charles Péguy foram recitados. Estavam acompanhados de belas peças musicais, tendo Renaud Capuçon ao violino, e voz da atriz e cantora Judith Chemla.
Veja no box de vídeo ao início deste artigo a magnífica apresentação da Ave Maria de Schubert.