Objetivo é mapear como as famílias estão lidando com a “pobreza estrutural e relacional”, ou seja, a pobreza que impacta as relações entre pais, filhos e parentes próximosForam apresentados nesta terça-feira, 23, na Itália, os resultados da primeira parte da pesquisa internacional “Família e Pobreza”, coordenada em parceria pelo Observatório Internacional da Família, do Pontifício Instituto Teológico João Paulo II para as Ciências do Matrimônio e da Família, pela Universidade Católica de Múrcia, Espanha, e pelo Centro Internacional de Estudos sobre a Família (CISF), de Milão, Itália.
Com dados governamentais e pesquisas de campo sobre a relação família-pobreza, o trabalho de abrangência internacional foi apresentado pelo padre brasileiro Rafael Fornasier, que coordena a parte da pesquisa relativa ao Brasil. Conforme divulgado pelo Vatican News, o pe. Rafael pontuou que o objetivo é mapear como as famílias estão lidando com a “pobreza estrutural e relacional”. Ele explica de que se trata:
“A família é entendida como família ampliada, ou seja, não só aquela nuclear, constituída de pais e filhos, mas envolvendo também os avós e os tios. Então tem uma força intergeracional muito grande, e por isso também uma solidariedade intergeracional muito grande, sobretudo no momento em que o Brasil está envelhecendo cada vez mais. Também já identificamos uma pobreza, porque estamos diminuindo também o acolhimento das novas gerações com uma queda muito acelerada na taxa de natalidade no país. Isso está ligado à pobreza estrutural e econômica nas famílias, que não têm filhos porque não se sentem seguras para criar filhos não tendo o apoio necessário econômico: o trabalho, a escola, a creche, a saúde, enfim, tantas coisas das quais nós necessitamos para viver dignamente. Então, essa é uma fragilidade, uma pobreza que a gente identifica ligada à pobreza estrutural, a pobreza relacional que seria aquela da relação parental e da relação também de filiação”.
Matrimônio, um desejo de mais de 70% dos jovens
Por outro lado, o pe. Rafael aponta uma força identificada com a valorização da família: o casamento tem sido um desejo de mais de 70% dos jovens. Ela guarda relação, porém, com outra fragilidade:
“A gente identifica também uma pobreza na fragilidade dos vínculos conjugais: o aumento de divórcios no país, embora haja outra riqueza aí, isto é, a valorização da família, uma família vista como todo, como o maior bem, pelas novas gerações. No entanto, há um grande receio em se constituir família, embora se aponte também que o casamento ainda continua sendo desejado por grande parte da juventude: entre 70 e 80%”.
Entender a dimensão relacional da pobreza pode ajudar a Igreja e o Estado a desenvolverem ações mais efetivas para superá-la.
“É importante que se trabalhe para fortalecer os vínculos familiares, identificando onde estão as fragilidades e onde estão as riquezas”.
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