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Aborto legal na Argentina, “prioridade” presidencial em meio ao pico de covid-19

Alberto Fernández
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Reportagem local - publicado em 19/11/20
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As diretrizes ideológicas do atual governo falam mais alto que a realidade sanitária do paísAborto legal na Argentina foi uma das bandeiras do presidente Alberto Fernández porque é uma das bandeiras da esquerda em todo o mundo. O país está sofrendo uma das maiores altas do planeta em contaminações e mortes por covid-19, apesar das rígidas restrições às liberdades de movimento impostas pelo governo aos cidadãos argentinos: a quarentena mais longa do mundo nesta pandemia tem se mostrado um fracasso clamoroso. Mesmo diante deste cenário trágico, o aborto continua sendo uma “prioridade” presidencial.

Fernández anunciou neste dia 17 de novembro o envio ao Congresso do seu projeto de legalização do aborto, enfatizando:

“A legalização do aborto salva a vida das mulheres e preserva sua capacidade reprodutiva, muitas vezes afetada por esses abortos inseguros”.

E afirmando como fato algo que é bastante questionado estatisticamente com base na trajetória dos países que legalizaram a prática, Fernández declarou que a legalização “não aumenta o número de abortos nem os promove”.


José Paulo Leão Veloso Silva
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Aborto legal na Argentina: respostas

A Rede Federal de Famílias e a organização Famílias do Mundo Unidas pela Paz (Fampaz) estiveram entre as primeiras entidades a criticar o presidente argentino e a sua “estratégia enganosa”, apresentada “em plena crise sanitária” e “incorporando a pena de morte contra um incapaz de qualquer defesa, o nascituro”.

Em declaração à rede católica de agências de notícias ACI Prensa, a Fampaz recordou que há doenças que causam mais mortes por ano do que o aborto:

“Portanto, não é uma prioridade na saúde pública. Acreditamos, em honra à verdade, que o aborto ‘não está criminalizado’, como se costuma dizer, pois na realidade ele ‘é um crime em si mesmo’. Se algo é feito para que um ser humano pare de se desenvolver, então um ser humano está sendo assassinado. Isto não condiz com a frase ‘interrupção voluntária da gravidez’: é uma morte sem volta. Paralisar voluntariamente o coração de um cidadão é cometer um crime, na Argentina ou em qualquer parte do mundo”.

A Fampaz acrescentou:

“Aborto não é gratuito. Nem para o sistema de saúde, nem para a sociedade, muito menos para quem está envolvido nele. O aborto pode ser apagado da mente, mas nunca do coração”.

Aspectos-chave deixados em segundo plano

A entidade também destaca uma preocupação crucial, relegada pelas ideologias pró-aborto apesar do seu discurso feminista:

“Tudo sempre gira em torno da mulher, não dos estupradores, que são os atores principais, em uma gravidez forçada”.

Equivale a questionar: em vez de legalizar o assassinato de um inocente, quais são as políticas de Estado para coibir de fato os estupros?

A organização evocou, ainda, uma solução muito mais humana:

“É preciso agilizar os trâmites da lei de adoção, que priva do amor de uma família aqueles bebês que não são aceitos por suas mães biológicas, bem como o apoio às casas de acolhimento para mães solteiras que desejam levar adiante a sua gravidez”.

O pe. Máximo Jurcinovich, porta-voz da Conferência Episcopal Argentina (CEA), recordou a recente mensagem dos bispos do país sobre a nova tentativa governamental de aprovar o aborto:

“Para começar, não há lugar para pensar em projetos legislativos que contradigam o discurso de cuidar de todos os argentinos. Além disso, este projeto desencoraja a busca do encontro fraterno e imprescindível entre os argentinos e obscurece seriamente o horizonte proposto pelo Papa Francisco na sua última encíclica, Fratelli Tutti. Não cuidar de todas as vidas seria uma falta gravíssima de um Estado que quer proteger os seus habitantes”.


AMALIA GRANATA
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