“Não conheço nenhuma outra sociedade do Médio Oriente cujos membros vivam em condições tão terríveis atualmente”Desespero, pobreza generalizada, falta de medicamentos, falhas constantes e prolongadas no fornecimento de electricidade e de água potável. O relato da Irmã Annie Demerjian da Congregação de Jesus e Maria à Fundação AIS é explícito. Ela própria diz que, “sem dúvida, vivemos o pior período da nossa história”.
Esta realidade brutal descrita por esta religiosa que já esteve em Portugal por diversas vezes a convite da Fundação AIS, é consequência “de 10 anos de guerras sangrentas” e pela imposição de diversas sanções económicas.
Como se não bastasse tudo isso, a Síria está a enfrentar também a pandemia do coronavírus. O resultado é de fato dramático. Desemprego enorme, aumento do custo de vida para valores insuportáveis – a Irmã Myri, a religiosa portuguesa que vive em Qara, no Mosteiro de São Tiago Mutilado, já denunciou também esta situação por diversas vezes –, estão a conduzir a comunidade cristã ao desespero.
“Não conheço nenhuma outra sociedade do Médio Oriente cujos membros vivam em condições tão terríveis atualmente”, diz a Irmã Annie, responsável há quase uma década pelas campanhas de ajuda da Fundação AIS nas cidades de Aleppo e Damasco
Na entrevista a Maria Lozano, responsável de comunicação internacional da AIS, a Irmã Annie Demerjian sublinha a importância do apoio que a comunidade cristã tem recebido da Fundação AIS. “Ao longo de todos estes anos, a ajuda da AIS tem sido um salva-vidas e uma fonte de esperança para as famílias cristãs que vivem em condições verdadeiramente desumanas. A pobreza é generalizada, há falta de remédios, às vezes não temos electricidade nem água por longos períodos. Aliás, para muitas pessoas, a vida é quase insuportável. A maioria das famílias sírias sente-se afectada pela pressão psicológica e material”, diz a religiosa
A ajuda da Fundação AIS abrange atualmente 273 famílias em Aleppo e cerca de mais uma centena em Damasco, a capital da Síria. “Graças ao apoio da Fundação AIS, podemos dar-lhes todos os meses ajuda de subsistência básica, incluindo vales para a compra de artigos essenciais como comida e gás para cozinhar. Agora com o Inverno, compramos esterilizadores e medicamentos. Também ajudamos em algumas cirurgias essenciais. Às vezes isso inclui itens básicos, mas indispensáveis, como fraldas para incontinência para pessoas doentes e idosas”, diz ainda a Irmã Annie
No meio do desespero, a certeza da ajuda de instituições solidárias como a Fundação AIS é extremamente confortante. A Irmã Annie reconhece e agradece todo o esforço de apoio que tem sido canalizado para as famílias cristãs na Síria. “Isso é muito necessário num país onde a desolação e o desânimo estão a crescer e a esperança deve ser semeada.”
A Irmã Annie, que coordena uma equipa de apenas cinco pessoas, explica ainda que de todas as vezes que visitam as famílias cristãs “elas dizem-nos com um sorriso caloroso que todos os dias rezam pela Fundação AIS e pelos seus benfeitores”. “Então, em nome das Irmãs de Jesus e Maria e de toda a equipa de apoio, gostaríamos de agradecer por todo o cuidado e apoio contínuo”, diz ainda esta irmã que também não perde uma ocasião para dizer que tem Portugal e os portugueses no seu coração.
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(Fundação AIS)