Não se evangeliza condenando as posturas alheias, mas dando a vida pelas própriasEvangelizar (“dar a boa notícia”) é a grande tarefa da Igreja; é para isso que ela foi fundada, enviada e sustentada pela força do Espírito Santo.
Esta boa notícia não é outra coisa a não ser o amor de Deus, um amor tão incondicional, tão absoluto, tão veraz como a cruz; um amor que não é simplesmente “pela humanidade” (expressão que fala muito, mas não diz nada), mas por mim e por você; um amor que não é produto da ganância ou da conquista pessoal, mas gratuidade benevolente do Senhor.
É um amor gratuito, tão gratuito, que não é merecido nem está sujeito às mudanças do nosso comportamento – ainda que necessariamente conduza a elas.
Não é fácil evangelizar, pois isso requer a experiência pessoal do amor de Deus, da sua ternura, da sua compaixão e do seu “fazer novas todas as coisas” em mim; sem isso, podemos simplesmente transmitir verdades de fé reveladas pela Escritura, mas que correm o risco de nos tornar cristãos frios, desses que defendem conceitos, mas não permitem que estes transformem a própria vida.
Evangelizar não é ameaçar com a condenação eterna todos aqueles que fazem o mal; não é levantar a espada da justiça contra todos os pecadores, marginalizando-os e etiquetando-os como perdidos; tampouco é declará-los inimigos da própria causa só porque talvez sua ignorância não lhes permitiu ver a verdade, que é Jesus.
Luz
Evangelizar é mostrar os braços abertos de Jesus na cruz, que diz: “Eu fiz tudo isso por você”. É isso que realmente transforma o coração e nos leva à experiência de uma vida nova.
Evangelizar é acender uma luz. Mas como se acende esta luz? Mostrando a verdade. Que verdade? A verdade de uma pessoa, a verdade que é Jesus: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida”. Só que este conhecimento da pessoa de Jesus não se limita a “saber coisas” sobre Ele, mas significa viver a experiência do seu amor, compreender que o que Ele fez tem relação direta comigo.
Não se evangeliza enchendo a cabeça de conceitos. Uma fé que só toca a razão pode nos tornar fanáticos; por outro lado, uma fé que só toca as emoções pode nos tornar instáveis. Mas uma fé que toca a razão, a vontade e as emoções é tão poderosa, que transforma a vida de maneira notável.
É aqui que o comportamento se transforma; é aqui que se aprende que, pela fé, não se tira a vida de ninguém, mas se entrega a própria vida pelo bem dos outros.
Evangelizar não é abrir as portas do inferno para os pecadores, mas declarar o amor de Deus a cada pessoa, para que esse amor leve à conversão. É mostrar o rosto da Igreja: rosto da misericórdia e do respeito, rosto da bondade e do acolhimento, rosto daquela que é Mãe e Mestra.
Porque evangelizar é curar as feridas com o amor de Deus.