Uma pintura que quase foi leiloada a preço de banana pode acabar valendo o resgate de um rei. A obra "Coroação de Espinhos" foi originalmente atribuída ao artista espanhol José de Ribera. Mas alguns especialistas acham que a tela pode ser um Caravaggio original.
De acordo com o jornal The Guardian, as suspeitas surgiram por causa da técnica do contraste entre a luz e a escuridão presente na obra. Da Vinci, Rembrandt e Caravaggio foram os artistas que desenvolveram a técnica. Além disso, a professora de história da arte Maria Cristina Terzaghi identificou pigmentos reminiscentes daqueles usados por Caravaggio, sustentando ainda mais essa teoria. Ela disse ao The Guardian:
Alguns especialistas, entretanto, não estavam convencidos de que a pintura era do mestre italiano. Nicola Spinosa, por exemplo, um importante estudioso da arte italiana do século 17, sugeriu que era simplesmente um “Caravaggesque”. O que sustenta a teoria é o fato de Ribera ter sido um seguidor de Caravaggio, que estudou extensivamente o estilo claro-escuro.
Diante do empasse, o Ministério da Cultura da Espanha retirou rapidamente a peça do leilão de 8 de abril para conduzir uma investigação. Um representante do ministério observou que o governo proibiu a ação enquanto se aguarda um “debate acadêmico” sobre uma possível atribuição de Caravaggio.
Desde que os organizadores retiraram a pintura do leilão, especialistas da galeria Colnaghi examinaram a peça. Em 26 de abril, o jornal The Art Newspaper informou que eles descobriram evidências de que Caravaggio apresentou a obra em uma competição de arte de 1605.
O comerciante italiano Giancarlo Ciaroni disse sobre a pintura:
O preço do quadro agora deve disparar. Originalmente colocado em leilão por € 1.500 (cerca de R$ 10 mil), o novo valor pode chegar € 50 milhões (cerca de R$ 330 milhões) se vendida a um museu. Este preço pode subir ainda mais, para € 150 milhões (cerca de R$ 988 milhões), se vendido em leilão privado.