O colete à prova de balas é um equipamento básico para a aplicação da lei e para salvar vidas. Embora os coletes modernos tenham pouca semelhança com os primeiros protótipos, sua função permanece a mesma. O que muitos não percebem, entretanto, é que a invenção deste equipamento é creditada a um padre católico.
O fato é que, no início do século 20, as armas estavam por toda parte. A Revolução Industrial tornou as armas de fogo mais acessíveis do que nunca, e muitos adultos as portavam regularmente.
Como era de se esperar, o aumento do acesso às armas significou uma alta semelhante na violência. Houve até algumas tentativas de assassinato de figuras públicas. Em Chicago, por exemplo, essa situação chegou ao auge em 1893, quando o prefeito Carter Henry Harrison foi baleado e morto em sua própria casa.
Isso deixou o clima político de Chicago em alvoroço e muitos cidadãos ficaram inseguros. Foi então que um herói improvável surgiu na forma de um padre católico. Pe. Casimir Zeglen, da Igreja Católica Romana de Santo Estanislau, já estava desenvolvendo uma peça de roupa que poderia parar projéteis de alta velocidade. Com o assassinato de Harrison, no entanto, ele começou a se dedicar à confecção de armaduras corporais.
De acordo com o site Cult of Mac, o Pe. Zeglen começou a fazer experiências com tecidos. Os primeiros anos foram lentos, com poucos resultados. O progresso veio mesmo quando ele descobriu um laudo médico, em 1887. O legista descobrira que um lenço de seda no bolso de um homem retardara o movimento de uma bala no seu corpo.
Pe. Zeglen, então, mudou seu foco para a seda, onde encontrou seu sucesso. Foram anos de testes, mas em 1897 ele aperfeiçoou seu colete à prova de balas e solicitou uma patente. Nesse ponto, o colete era feito de camadas de linho, lã e seda. Isso serviria para pistolas de baixo calibre da época, mas o projeto precisava de uma placa de aço para proteger contra rifles de alto calibre.
O design foi ainda mais refinado quando Pe. Zeglen se juntou a Jan Szczepanik. O inventor, também polonês, o ajudou a levar o colete a novos patamares, chegando até a criar uma linha de produção para fabricá-los. O par acabou se separando, mas o Pe. Zeglen levou seu conhecimento recém-adquirido de volta aos Estados Unidos para buscar investidores.
O site NPR publicou um artigo de 1902, que relata sobre o colete e uma demonstração de Pe. Zeglen em Nova York. Lá, o colete passou por testes contra várias armas de fogo de diversos calibres, todas elas paradas no equipamento. O Pe. Zeglen também estava usando o colete durante os testes. O Brooklyn Eagle descreveu o equipamento desta forma:
O colete à prova de balas tornou-se muito popular, embora o preço limitasse drasticamente sua proeminência. O preço da seda era bastante alto e o colete custava o equivalente a muitos milhares de dólares pelos padrões atuais. Ainda assim, aqueles que podiam pagar encontravam paz de espírito.
Muito possivelmente, o exemplo mais proeminente do sucesso da seda foi quando ela salvou o rei Alfonso XIII da Espanha. O monarca havia usado o o mesmo material do colete para cobrir sua carruagem real. Quando uma granada caseira foi atirada em seu veículo, nem um único estilhaço passou.
As contribuições do padre católico polonês ressoam toda vez que uma bala é detida por um colete. Estima-se que, desde 1960, nos Estados Unidos,mais de 3.000 vidas de policiais foram protegidas dessa tecnologia.