Uma recente visita a uma loja de discos em Roma deu algumas pistas sobre o gosto musical do Papa Francisco. Logo depois, foi revelado que o pontífice tem uma coleção de cerca de 2.000 CDs e algumas dezenas de discos de vinil. A coleção se tornou tão grande que tem seu próprio curador, o cardeal Gianfranco Ravasi.
A coleção continua a crescer, como mostra um tweet recente do cardeal Ravasi. A imagem mostra oito novos discos que o Papa enviou ao seu "bibliotecário musical", em uma mistura de CDs e vinil.
As obras são principalmente clássicas, com a maioria delas inclinada para o sagrado, mas também há outros estilos.
Graças a uma pequena investigação, conseguimos identificar cada um dos álbuns a partir do pouco de suas capas que ficou à mostra. Houve um, no entanto, que não conseguimos identificar. O disco de vinil no canto inferior esquerdo da foto apresenta um homem de casaco marrom, colocado na frente de um fundo preto. Se você conseguir identificar o registro desta capa ambígua, informe-nos!
Vamos dar uma olhada no que o Papa tem ouvido ultimamente.
1 – Il Volo, com Placido Domingo
Il Volo é um trio italiano de cantores pop operísticos que se tornou um sucesso sensacional em 2010. Como são três, sempre há uma estreita associação com os Três Tenores e, de fato, o grupo foi formado para imitá-los.
Bem, em 2016, eles finalmente tiveram a chance de cantar com um dos cantores de ópera mais famosos do mundo, e um dos Três Tenores, Placido Domingo. O desempenho de Il Volo se beneficiou do know-how musical de Placido Domingo para este álbum épico.
2 – A Paixão segundo São João – Bach
Bach compôs esta obra-prima da música sacra em 1724 para ser usada na Liturgia da Sexta-feira Santa. É um oratório, que é como uma ópera, mas sem atuação e geralmente com temas religiosos. Infelizmente, não conseguimos rastrear a mesma gravação que o Papa Francisco tem, mas esta é uma versão fenomenal com alguns dos melhores cantores que já ouvimos nas partes de Jesus e Pilatos.
3 – Missa Sanctae Caeciliae – Haydn
Aqui temos outra obra clássica, desta vez do compositor austríaco Joseph Haydn. Escrito em 1766, o trabalho tem sido associado há muito tempo ao dia de Santa Cecília (22 de novembro). A partitura é impressionante por si só, pois é uma mistura fantástica de estilos barroco e romântico, mas sua história é ainda mais.
Aparentemente Haydn perdeu o manuscrito depois que terminou de compor a missa. Enquanto alguns músicos ficaram atordoados ao saber da perda, Haydn não se preocupou. Ele simplesmente reescreveu tudo de memória. Embora não haja como dizer que saiu exatamente igual, Haydn acreditava que a reescrita era exatamente a mesma do original.
4 – Lamento de Adão – Arvo Pärt
Escrita pelo compositor estoniano Arvo Pärt em 2009, esta peça é cantada em russo. A composição é baseada em um antigo lamento ortodoxo russo, que normalmente é cantado durante a Quaresma. O trabalho prevê o sofrimento e o desespero de Adão pela perda do paraíso que ele conhecia no Éden. As letras diz:
5 – Nessuno Mi Puo’ Giudicare – Catarina Caselli
Aqui, o Papa Francisco muda o tom para uma melodia de rock otimista dos anos 60. Catarina Caselli é uma musicista e produtora italiana que estreou em 1966. Na verdade, ela fez um sucesso incrível, liderando brevemente as paradas italianas.
6 – Piazzolla Hoy – Astor Piazzolla
Aqui temos uma coleção de obras do compositor argentino Astor Piazzolla. O álbum é totalmente instrumental e a música mescla tons clássicos com ritmos de jazz e temas de tango. Piazzolla revolucionou o tango. Mas, assim como os outros clássicos de Piazzolla, este trabalho não é para dançar. Mergulhado na orquestração da era romântica, este trabalho quase soa mais como a trilha sonora de um filme.
7 – Ambrosius – desconhecido
Além do álbum que não conseguimos identificar, este foi o mais difícil de rastrear na lista. Parece ser um álbum de canto ambrosiano, que é distinto do canto gregoriano por sua falta de uniformidade. O canto ambrosiano tende a apresentar linhas melismáticas mais longas e em movimento livre, ou as partes em que o cantor passa por escalas enquanto canta uma sílaba.
Tal como acontece com o canto gregoriano, a partitura é simples e deixa muita interpretação para o maestro. Por causa disso, é muito raro que duas apresentações de um canto ambrosiano soem exatamente iguais.