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Ditadura da Nicarágua: perseguição obriga padres a esconder-se

Ditadura da Nicarágua persegue padres e bispos

Dom Rolando Álvarez antes de ficar preso na cúria residencial

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Francisco Vêneto - publicado em 23/08/22
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Regime tem escancarado a perseguição anticatólica que já vinha promovendo havia anos

A ditadura da Nicarágua e sua perseguição a padres católicos tem ficado escancarada nas últimas semanas, muito embora o regime de Daniel Ortega já persiga a Igreja há anos, com recrudescimento notável a partir de 2018.

Neste mês, repercutiu mundialmente o caso do bispo de Matagalpa, dom Rolando Álvarez, que passou 15 dias detido na própria cúria diocesana, junto com cinco padres, dois seminaristas e três leigos, sob cerco da polícia e estrita vigilância por drones. Na madrugada do último dia 19, a polícia do regime invadiu a casa episcopal e os levou presos.

Eles, porém, estão longe de ser as únicas vítimas da perseguição anticatólica do ditador Daniel Ortega e de sua mulher e vice-presidente Rosario Murillo.

A pesquisadora e advogada Martha Patricia Molina Montenegro, da organização nicaraguense Observatório Pró-Transparência e Anticorrupção, tem publicado extensos relatórios sobre os ataques sofridos pela Igreja Católica na Nicarágua sob o regime de Ortega.

Ao longo deste mês de agosto, aumentaram, em número e intensidade, os episódios de intimidação contra o clero nicaraguense.

No dia 14, a polícia impediu dois sacerdotes de irem até a catedral de Matagalpa para recepcionar a imagem peregrina de Nossa Senhora de Fátima.

No mesmo dia, policiais detiveram arbitrariamente o pe. Oscar Benavidez, da paróquia do Espírito Santo na diocese de Siuna.

No dia 15, agentes haviam permanecido ostensivamente nos arredores da paróquia Sagrado Coração de Jesus em Las Calabazas, também na diocese de Matagalpa, enquanto o pe. Salvador López celebrava a Missa.

No dia 17, quase às vésperas da midiática prisão de dom Rolando, os padres Vicente Martín e Sebastián Lopez foram obrigados a esconder-se devido à perseguição policial. Eles são, respectivamente, o pároco e o vigário paroquial da paróquia Santa Lucía, na mesma diocese de Matagalpa. Por consequência, eles não puderam celebrar a Missa, que teve de ser substituída pela Liturgia da Palavra. A Eucaristia, consagrada durante uma Missa anterior, foi distribuída pelos ministros extraordinários.

Os dois sacerdotes não chegaram a ser presos: a diocese os transferiu, por segurança, no dia seguinte a uma tentativa de prisão do pe. Vicente Martín logo antes da Missa. Visando impedir a entrada dos agentes do regime na paróquia, o pe. Sebastián López teve de celebrar a primeira Missa da manhã do lado de fora da igreja, num altar improvisado. Os fiéis participantes prestaram apoio aos sacerdotes.

A frequência das situações de intimidação, ameaça e perseguição da ditadura da Nicarágua aos padres está sendo qualificada como alarmante por observadores internacionais.

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