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Ter fé: um exercício diário

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Hozana - publicado em 14/10/22
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Numa sociedade onde o ter é mais valorizado do que o ser, você tem de ser forte e perseverante para não esquecer os princípios da fé

Para mim a fé veio tarde. Apesar de viver em uma época mais pura, logo após o término da grande guerra, e em uma casa católica, só fui conhecer a fé aos 30 anos. Apesar de estudar em um colégio de padres, e talvez por isso mesmo, pelas normas rígidas exigidas, não aceitava ter de assistir missas todas as sextas-feiras após as aulas. As atitudes dos padres também, com exceções, não eram a de amor ao próximo, e por próximos estavam todos os alunos. Assim só fui parar e analisar o que representava aquele crucifixo nas paredes, já com meus 30 e poucos anos. 

Como cheguei a esse conhecimento daria uma história muito longa para ser detalhada aqui. Mas basta dizer que, um dia ajoelhado em frente ao altar por insistência dos mentores de ocasião, minha mente como que se abriu e percebi que Cristo estava ao meu lado nas coisas simples de meu dia a dia. Desfilaram em minha mente cenas de minha vida, onde praticava atos normais e percebi que fora motivado por uma força maior e por amor. No meu relacionamento com meu irmão, com meus filhos, era como se Ele dissesse, “olhe, sou Eu te chamando, te mostrando que Estou a teu lado”. As lágrimas brotaram espontâneas em meus olhos por saber o milagre diário que ocorria nos meus dias.

Mas saber que aprendera a ter fé, não tornou a minha busca mais fácil. Ter fé é um exercício diário. Apesar de falarmos diariamente “Deus o acompanhe”, “vou orar por você”, “Deus os abençoe”, são poucas vezes que essas frases são ditas com a verdadeira demonstração de desejo pela Sua presença. 

A fé no dia a dia

A luta diária, em uma sociedade em que a fé não está presente nas atitudes de nossos representantes, onde o amor passa longe de atitudes como a guerra, a fome, e a subjugação do mais fraco pelos mais fortes, os exemplos não são edificadores. 

Então temos de aprender a separar o joio do trigo, o homem virtuoso do hipócrita, que usa o nome de Deus, para seu beneplácito. E, infelizmente, estes estão em maioria. 

Uma sociedade onde o Ter é mais valorizado do que o Ser, você tem de ser forte e perseverante para não esquecer os princípios da fé. Amor a Deus, ao próximo e, até, a si mesmo. 

Somos a Igreja viva. Nosso corpo é a verdadeira pedra fundamental da Igreja de Cristo.

Fácil de entender? Mas muito difícil de cumprir e praticar.

Tenho um ritual próprio de pensar em Deus e em Cristo. Todas as manhãs leio um trecho da Bíblia, vejo um vídeo de um fradezinho que nos fala sobre trechos bíblicos, para só então começar a me dedicar a minhas obrigações diárias. Mas quem disse que sempre consigo prestar atenção ao que li ou vi? Minha mente se desgarra e começa a pensar nas obrigações do dia, nas tarefas diárias e...

Sempre foi muito mais fácil para mim quando as orações eram feitas através de atos que praticava ao trabalhar para Cristo. Em uma ONG, ou na igreja, no trabalho com jovens e, até, adultos. Aí sentia verdadeiramente, a presença Dele. E me enchia de fé e alegria. Mas a vida vai mudando. E o destino nos tira de lugares onde praticávamos estas ações, nos leva para caminhos mais áridos e nos vemos perdidos. Onde a oração fácil ao trabalhar para Ele? 

Dar sem nada esperar

Hoje, apesar da procura, não achei novamente aqueles oásis de paz onde podia praticar minha devoção através da dedicação ao próximo sem desejar nada em troca. O poder dar sem nada esperar. 

Então o caminho se torna mais duro, mais feio, pois a presença Dele é mais difícil de ser detectada. Aí então tem de entrar nossa força para não esmorecer. E, apesar de dias inóspitos sem Sua presença, não podemos desacreditar que Ele estará logo mais adiante. E aí só o exercício da Fé, se você verdadeiramente o faz, poderá tornar seus dias mais plenos. 

E então podemos tentar avivar sempre os dias em que você O sentiu muito fortemente em sua vida. Esta lembrança tem de ser seu sustento durante esta caminhada.

E me permito aqui descrever duas vezes em minha vida em que isto ocorreu. 

Um belo testemunho de fé

Trabalhava com jovens em minha igreja, num subdistrito de São Bernardo do Campo chamado Riacho Grande. E tínhamos o costume de representar as datas principais do calendário católico. A Paixão, o Natal...

E, em um desses momento me foi pedido para que representasse Cristo no calvário. Devidamente paramentado com um longo manto branco, uma capa escarlate e uma coroa de espinhos, pus-me a caminhar pelas ruas do bairro carregando uma cruz. Mas não era eu que ali caminhava. Sentia a presença de Cristo em cada passo daquela caminhada. Ele me tomou e mostrou para todos os que assistiam, o que foi Seu calvário até a cruz. Os passos claudicantes, as quedas, as dores... o tempo se fechando e trovões ribombando a cada trecho do caminho. E, na Cruz, a escuridão dos céus acima de minha cabeça. Somente após minha descida da cruz, a chuva, torrencial, desabou, e com ela minhas lágrimas, incontroláveis, por ter testemunhado, na pele, aquele milagre.

A outra vez, numa situação bem mais mundana, mas não menos explícita, Ele se fez presente. 

Por consequência de meu fracasso em meu primeiro casamento (uma provação que tive de passar em minha vida), vi-me morando sozinho em um apartamento em uma praia no norte do Rio Grande do Sul. Bem longe de qualquer familiar. Foi um tempo de expiação, onde pude, com o auxílio Dele, pensar em minhas falhas, analisá-las em profundidade, compreender muitos atos praticados à revelia do que Ele me havia ensinado. Consegui, graças a Ele, ter um período de profunda paz com o mundo e comigo mesmo. 

Mas, depois de um tempo, aquela solidão começou a se fazer sentir. Então pensava em voltar para minha terra, São Paulo, onde poderia voltar a ficar próximo de meus familiares. Não era uma tarefa fácil. Não tinha um local para morar. A distância me impedia de procurar este local. E, ao mesmo tempo, eu morava no apartamento que me restou na partilha do divórcio. Sair de uma situação razoavelmente confortável, para me aventurar, já sessentão, em São Paulo, me parecia meio difícil de concretizar. Com tudo isso, existia também o desejo de encontrar uma nova companheira, pois a solidão já se estendia por alguns anos. Então, com aquelas duas aspirações em minha mente, eu orava todas as noites, para achar uma solução as minhas aspirações.

A companheira que Deus presenteou

A companhia que tinha era um computador onde, amante da escrita, despejava minhas letras nas redes sociais. Confabulava com alguns amigos virtuais, participava de salas de encontros na esperança de encontrar alguém. Mas não foi através destas salas que meu encontro ocorreu. Escrevendo para um destes amigos, dando-lhes apoio em suas desilusões amorosas, uma terceira pessoa leu e gostou do que escrevi. Pediu-me para ser minha “amiga” na tal rede social.

Também ela procurava um alguém, mas não foi com esta intenção que ela se interessou, mas somente em conversar com aquela pessoa que pareceu tão coerente com o que dizia. Aceitei, sem qualquer intenção maior, já que ela estava a 1200 km de distância. Em Campinas, para ser mais exato. Vivia com a mãe, uma senhora de idade mais avançada. E então Ele se fez presente, e resolveu premiar aquelas duas almas com os pedidos feitos individualmente. Um convite para vir para Campinas conhecê-la. Assim ocorreu em 2011. Aceitei o convite e aqui estou até hoje, casado e feliz com a companheira que Ele me presenteou. 

Refletindo sobre a fé

Fé? O que acham? Saber pedir como dizem alguns. Seja como for, em minha vida, estas, e outras menores demonstrações, foram o testemunho que tive de Sua presença. Acreditem. Ele pode. E você, com sua fé, também pode. 

Deus nos concedeu o dom da inteligência para que compreendamos as suas maravilhas e inspirados pelo Santo Espírito ousemos dar uma resposta convicta a tão grande amor que Ele tem por nós. Vamos refletir juntos sobre a fé? Participe comigo do PodCast da Fé. É importante crer para entender e crendo buscar ainda mais pelo conhecimento o aprofundamento da fé. Clique aqui para participar do PodCast da fé no Hozana.

Rubens Lace, pelo Hozana

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