Casar tarde, ou seja, com idade mais avançada, é uma boa ou uma má ideia? Existe uma idade ideal para casar?
Para Camille Rochet, psicóloga e terapeuta de casais, a resposta é “não”. Diz ela:
Idade e relacionamento feliz
A psicóloga suíça Gisela Labouvie-Vief realizou um estudo com pessoas com mais de 45 anos e revelou, entre outras coisas, que a idade proporciona uma maior capacidade de criar um relacionamento feliz.
De acordo com Labouvie-Vief, as pessoas na faixa dos 40 e 50 anos são mais capazes de conciliar suavemente os conflitos entre suas próprias necessidades e as de seu cônjuge.
O medo de pensar fora da caixa desaparece mais tarde na vida; a experiência nos torna mais flexíveis, mais curiosos sobre os outros e mais autênticos. Todos esses traços inspiram confiança e trazem uma grande dose de serenidade a um casal.
Segundo Labouvie-Vief, esse potencial para formar um casamento duradouro vem do fato de que, entre os 40 e os 50 anos, nossa experiência emocional se torna mais profunda e harmoniosa. Permite-nos abrir a nossa vida interior de uma forma mais rica, mais vívida, mais atraente... Não é esta uma das chaves para uma vida feliz juntos?
Entrega extraordinária
A terapeuta Camile Rochet explica:
“Os casais que se casam tarde, e eu conheço muitos deles, esperaram tanto por sua vida juntos e por começar sua família que estão preparados para se entregar ao cônjuge de uma maneira, muitas vezes, extraordinária. Como puderam aproveitar a vida de solteiro para realizar alguns de seus sonhos, adquirir experiências e florescer, tornam-se muito generosos em acolher o cônjuge, uma vez tomada a decisão de se casar”.
Prontos para o comprometimento
É claro que existem obstáculos reais ao casamento tardio. Em particular, pode ser um problema quando ambas as pessoas estão muito acomodadas em sua solteirice, caracterizada por uma grande liberdade. Nem sempre é fácil abrir mão disso em favor das responsabilidades e restrições familiares. Com o casamento, ambos têm que renunciar a certas comodidades.
“A situação dos casais maduros não tem nada a ver com a dos casais jovens que estão iniciando a vida profissional e social”, diz a psicóloga. Na verdade, nem sempre é fácil mudar de emprego para se juntar ao cônjuge ou desistir do apartamento para morar com o outro. Para algumas pessoas, deixar a vida que tinham antes pode ser complicado. Requer trabalho real para fazer a transição para uma vida a dois. Além disso, as feridas acumuladas durante os anos de vida de solteiro podem aparecer e enfraquecer o casal.
Mas como se preparar para um casamento tardio? Quais são as atitudes que você precisa para ter sucesso na vida conjugal? Aqui estão três dicas de Camille Rochet:
1. Questionar tudo
Muitos pessoas que optam por casar tarde se conhecem por meio de redes sociais, sites de namoro ou dentro de um círculo mais amplo. Consequentemente, muitas vezes há diferenças de origem, ambiente e cultura entre os cônjuges, o que pode causar mal-entendidos ou divergências, especialmente em relação à educação dos filhos. É essencial estar atento a essas diferenças de opinião, aceitá-las e gerenciá-las no dia a dia. Questionar completamente para acolher o outro é essencial para um casamento bem-sucedido.
2. Pensar sobre os filhos
O relógio biológico da mulher é um problema real no casamento tardio. As chances de ter filhos são menores do que para casais mais jovens. Essa pressão pode causar ansiedade (medo de não ter filhos) e/ou sofrimento (descobrir que não pode ter filhos), que são difíceis de administrar para um casal. É importante falar sobre isso antes do casamento.
3. Adequar a vida espiritual
Nos casamentos tardios, ambos os cônjuges chegam com sua própria história de vida de fé. Cada um cresceu em sua vida espiritual à sua maneira. Às vezes, um tem uma intensa vida de oração, enquanto o outro está longe disso. É importante refletir juntos sobre suas diferenças e ver como aceitar a jornada um do outro com flexibilidade. Dessa forma, você pode se ajustar suavemente e se conectar espiritualmente, respeitando a liberdade interior de cada pessoa.