O bispo da diocese de Matagalpa, Nicarágua, dom Rolando Álvarez, completou 56 anos de idade neste primeiro domingo do Advento. Perseguido pelo regime de Daniel Ortega, o prelado está em prisão domiciliar há mais de 3 meses, embora o regime defina a sua detenção ilegal como "proteção domiciliar".
Neste 27 de novembro, os fiéis da diocese participaram de uma Missa de ação de graças na catedral de San Pedro e cantaram a tradicional canção "Las mañanitas", típica de muitos países latinos em homenagem a aniversariantes.
Em 19 de agosto, a polícia leal ao regime de Daniel Ortega invadiu a cúria episcopal, onde o bispo tinha estado sob cerco durante mais de 15 dias, e prendeu dom Rolando junto com outros padres e leigos. Todos permanecem arbitrariamente detidos até hoje - a maioria em um presídio da capital, Manágua, conhecido como centro de torturas.
Flores na cadeira episcopal
Uma das imagens que mais chamaram a atenção na celebração deste 27 de novembro foi a de um retrato de dom Rolando posicionado na cadeira episcopal, junto com uma decoração floral.
Em meio a fortes aplausos, o padre que presidiu a Eucaristia declarou:
"Nossa admiração, carinho, nosso amor ao nosso bispo dom Rolando. Parabéns para ele, lá onde ele está".
Dom Silvio José Báez exige libertação
O bispo auxiliar de Manágua, dom Silvio José Báez, também se pronunciou neste 27 de novembro sobre a situação de dom Rolando. Exilado em Miami, ele afirmou:
"Hoje recordo com especial carinho dom Rolando Álvarez no seu aniversário. Desde agosto, ele está detido injustamente pela ditadura de Daniel Ortega e Rosario Murillo e não nos cansaremos de lembrar seu nome, rezando por ele e pela sua integridade física e exigindo a sua pronta libertação, porque [a sua prisão] é um ato de injustiça que clama ao céu. Sei o que um bispo sofre longe do seu povo e dom Rolando certamente está sofrendo".
Perseguição e prisão de padres
O clima de máxima tensão contra a Igreja Católica se intensificou na Nicarágua desde junho. Ortega chegou a descrever a Igreja como uma "ditadura perfeita", deturpando fatos publicamente para dar a entender que o perseguido seria ele.
Em meio à escalada de violências contra clérigos e fiéis, a incerteza em relação a dom Rolando continua e se estende aos padres e leigos que o acompanhavam na casa episcopal. Eles respondem por "conspiração" e "propagação de fake news" - um expediente que, pela sua subjetividade e amplas possibilidades de interpretação, tem se mostrado útil em muitos países como desculpa para censuras e arbitrariedades.
A lista de membros da Igreja que foram presos na Nicáragua, porém, é maior: foram ao menos 11 em menos de seis meses, como registra o jornal Confidencial, sem contar os que foram expulsos do país ou têm sofrido restrições severas em seu trabalho pastoral.
Entre os casos de maior repercussão internacional estão a expulsão do núncio apostólico, dom Waldemar Sommertag, em março, e das Missionárias da Caridade, em julho. Recentemente, a ditadura proibiu tradicionais procissões religiosas populares como a da Virgem de Fátima, a de São Miguel Arcanjo e a de São Jerônimo, entre outras.