O Ministro de Assuntos Religiosos da Indonésia proibiu neste mês a instalação de tendas provisórias que acomodariam mais fiéis nas missas de Natal. A alegação principal foi a necessidade de controlar a pandemia de covid-19, mas pode dever-se muito mais ao elevado risco de ataques contra a população cristã.
Às portas do Natal, o ministro indonésio de Assuntos Religiosos, Yaqut Cholil Qoumas, tomou a decisão de proibir as tendas provisórias que tradicionalmente são montadas para acomodar mais fiéis nas missas de Natal.
As igrejas estarão abertas, mas não será possível assistir às missas do lado de fora. A situação é problemática porque o número de fiéis excede em muito a capacidade dos templos cristãos nesta época. No Natal e na Páscoa, dezenas de milhares de pessoas lotam as igrejas católicas e protestantes a ponto de muitos não poderem entrar; daí as instalações temporárias voltadas a acolher a todos os que não conseguem acomodar-se no interior dos templos.
A razão apresentada oficialmente pelo governo para justificar a medida seria a necessidade de continuar controlando a propagação da covid-19 no país, mas esta alegação é alvo de fortes críticas por ser considerada como “infundada”. De fato, nenhuma medida relacionada à pandemia foi imposta às milhares de pessoas que compareceram ao casamento do filho do presidente Joko Widodo, quando grandes multidões se reuniram sem restrições.
Por outro lado, é muito provável que a verdadeira causa das medidas restritivas contra as igrejas seja o medo de novos atentados terroristas. Os cristãos na Indonésia são alvo frequente de ataques particularmente sangrentos, especialmente durante as principais celebrações. Em 7 de dezembro, um atentado suicida perto de uma delegacia aumentou o temor ligado a ataques terroristas e certamente precipitou a decisão do governo.
Os cristãos da Indonésia, uma minoria em perigo
Maior país muçulmano do mundo, a Indonésia tem 274 milhões de habitantes, dos quais cerca de 37 milhões são cristãos - ou seja, 10% da população. Além dos ataques islâmicos em massa, os cristãos também sofrem episódios de violenta discriminação que têm aumentado desde 2016. Em 2021, por exemplo, o ataque a bomba na catedral de Makassar em pleno Domingo de Ramos despertou repúdio internacional.