Não se sabe ao certo onde está o bispo dom Rolando Álvarez, preso ilegalmente pela ditadura da Nicarágua e condenado de modo sumário e fora do devido processo legal a mais de 26 anos de prisão.
Dom Rolando estava entre os mais de 200 presos políticos nicaraguenses que foram expulsos do país e privados da sua nacionalidade no mês passado. O grupo estava prestes a ser deportado para os EUA quando o bispo declarou que se negava a ser deportado e preferia permanecer no país, ainda que preso em decorrência do ódio do regime contra a Igreja e contra os opositores.
Inicialmente, dom Rolando teria sido levado para o presídio La Modelo - que, segundo os próprios nicaraguenses, é um "modelo" de péssimos tratos.
No entanto, diversos meios de comunicação locais noticiaram nesta semana que funcionários do presídio negaram à irmã do bispo, Vilma, que ele de fato esteja ali.
É possível que seja mais uma tática do regime para reforçar o isolamento do bispo, considerado "traidor da pátria".
Por outro lado, o líder estudantil opositor Lesther Alemán, hoje um exilado político, afirmou via rede social que "dona Vilma chegou ao portão principal de La Modelo para levar água [ao seu irmão]; os guardas não aceitaram e negaram que ele esteja lá".
Para Alemán, é necessário "que organizações internacionais como a Cruz Vermelha Internacional entrem [no presídio] e se certifiquem do estado físico, mental e emocional" do bispo.
E enfatizou:
“A família dele, a própria Igreja como instituição e o povo, todos nós precisamos saber onde está dom Rolando Álvarez".
Ortega retruca à ONU
O Alto Comissariado da Organização das Nações Unidas para os Direitos Humanos apelou à Nicarágua pela libertação de 37 presos, incluindo dom Rolando.
Mas Daniel Ortega retrucou que "as Nações Unidas servem para apoiar bloqueios, insultar, caluniar (…) condenar os povos heroicos que defendem a sua dignidade como o povo venezuelano, como o povo cubano, como o povo nicaraguense, como os povos do mundo que não estão dispostos a se submeter ao império ianque".
Aliás, para Daniel Ortega e sua esposa e vice-presidente Rosario Murillo, a Igreja Católica seria financiada pelos Estados Unidos.