Casamento: como evitar ou remediar o adultério do coração

“Embora as formas de infidelidade possam ser interpretadas de maneira diferente por cada pessoa, não há dúvida de que o adultério do coração, ou a infidelidade emocional, pode machucar tanto quanto a infidelidade sexual”, explica a conselheira matrimonial Raphaëlle de Foucauld. “Seja ao conversar com seu colega nas redes sociais ou ficar no escritório até tarde da noite com ele ou ela: a infidelidade emocional ocorre quando um cônjuge inicia um relacionamento emocionalmente íntimo com outra pessoa. Pode prejudicar o casamento tanto quanto a infidelidade sexual.”

Flertar com seu colega pode parecer uma diversão inofensiva - apenas uma maneira de aumentar seu ego. Mas esse flerte “inocente” pode facilmente se transformar em um relacionamento íntimo real que te leva a ir além.

Um importante sinal de alerta é o desejo de manter o relacionamento em segredo. O que começa como manter um segredo desliza para as mentiras. Como resultado, todos os elementos estão presentes para ferir o cônjuge negligenciado: sentimentos de traição, ciúme e insegurança. Eles são tão poderosos e reais quanto no caso da infidelidade física. “Para que um casamento dure, o casal precisa de três pilares essenciais: confiança, respeito e segurança”, diz Raphaëlle de Foucauld. Se esse tripé falhar, o casamento entrará em crise.

Claro, você pode ter amizades fora do seu relacionamento! No entanto, nenhuma dessas amizades deve ser prejudicial para o cônjuge. “Quando alguém se torna o confidente privilegiado de um cônjuge, especialmente no que diz respeito ao relacionamento, o risco de cruzar uma linha vermelha é significativo. Esse tipo de infidelidade do coração pode se tornar perigoso porque usurpa o lugar reservado ao relacionamento do casal”, analisa a conselheira matrimonial. Da mesma forma, perigos semelhantes podem afetar o casal por causa das amizades nas redes sociais. Os relacionamentos virtuais tornam-se reais no sentido de que podem ferir o outro de uma forma muito real.

Mas como evitar cair na armadilha do adultério do coração?

O padre Paul Habsburg, que prepara casais para o sacramento do matrimônio em uma paróquia de Paris, sugere que o diabo, que quer destruir nossos casamentos, “não vai sugerir cometer adultério. Não é assim que acontece.” Às vezes, porém, podemos ficar “um pouco empolgados demais para ter uma conversa íntima com esta ou aquela pessoa no trabalho. O que pode ser completamente inocente também pode significar que demos muito espaço em nosso coração para essa pessoa”, diz ele. 

Aqui estão suas dicas sobre como evitar essa armadilha:

A questão é esta: quando aceitamos pequenos gestos de carinho de alguém que não é nosso cônjuge, estamos realmente sendo fiéis aos nossos votos matrimoniais? Somos fiéis em nosso coração? Se o adultério do coração começa a se manifestar, não é um convite inesperado para renovar nosso “sim” incondicional ao nosso cônjuge e renovar nossa confiança em Deus como o aliado de nosso casamento?

Ao se comprometerem no casamento, os cônjuges prometem um ao outro amor mútuo e respeito por toda a vida. No entanto, o pequeno “sim” de muitos anos atrás provavelmente se tornou muito estreito. Deve ser renovado e adaptado às novas situações da vida a dois. Um casamento nunca é estático; os dois cônjuges mudam e as circunstâncias também mudam. A vida confronta cada casal com situações inesperadas em que é essencial que renovem o seu ideal de fidelidade, a doação total de si ao outro.

Uma situação em que detectamos um movimento para a infidelidade do coração pode ser uma grande oportunidade para renovar a preferência pelo casamento em detrimento de outras relações. Para garantir que você permaneça fiel, a receita é simples. Tudo o que você precisa fazer é se perguntar: você pode falar aberta e pacificamente sobre esse outro relacionamento com seu marido ou com sua esposa?

Jesus sabia muito bem que em todos os assuntos que tocam nas áreas de afeto, os seres humanos costumam ser péssimos juízes de si mesmos. É por isso que Cristo fala tão claramente em seu Sermão da Montanha: "Ouvistes que foi dito aos antigos: Não cometerás adultério. Eu, porém, vos digo: todo aquele que lançar um olhar de cobiça para uma mulher já adulterou com ela em seu coração" (Mt 5,27-28).

“Se Jesus usa uma linguagem tão forte, certamente não é para nos dizer que somos maus, mas para nos despertar e nos proteger de nós mesmos e de nossa incrível capacidade de autoconfiança", enfatiza o Pe. Paul Habsburg.

O sacerdote conclui: “Jesus nos adverte quando temos um coração dividido, quando olhamos para os outros com desejo Este olhar de desejo pode conter uma dupla intenção, e cria uma ruptura no coração humano. Fingimos estar nos doando, mas na verdade estamos buscando nosso próprio prazer”.