Durante nossa vida, todos nós passamos por perdas, que nos fazem sofrer. Os pais, irmãos, esposas e filhos. As partidas são extremamente dolorosas. Uma doença, um acidente, ou em consequência de maus hábitos, os nossos queridos partem ao encontro de suas novas vidas. Mas ao contemplar as últimas horas de Jesus, em meio a torturas físicas inimagináveis, podemos entender o grande sofrimento de Maria, sua mãe.
O tratamento dado a Jesus durante o caminho para o Calvário, foi de dores cruciais, assistidos por uma mãe cuja face exprimia todo seu sofrimento. No entanto não se ouviu um murmúrio, um grito de seus lábios. Acreditava que se estava a fazer os desígnios de Deus, seu Pai. Era como se uma espada lhe transpassasse o coração. Assim se cumpriu uma das sete dores que ela suportou. Esta foi conforme a profecia de Simeão. Assim vemos a imagem de Nossa Senhora das Dores, representada com uma espada a atravessar seu peito.
Antes do Calvário
Mas mesmo antes do Calvário, as dores de Maria aconteciam. Assim para fugir a sanha de Herodes, que havia mandado matar todas as crianças com menos de dois anos, ela tomou Jesus em seus braços, com o medo a atravessar seu caminho, e, juntamente com José, seu esposo, fugiram para o Egito. A incerteza do caminho assombrava seu espírito, mas a tudo suportou para salvaguardar seu tesouro maior, seu filho Jesus.
Estando em Jerusalém, Maria percebeu que Jesus, um adolescente de 12 anos, não estava por perto. Tomada de medo pela possível perda de seu filho, ela e José o procuraram pela cidade. Foram encontrá-lo no Templo, onde dissertava para uma multidão, que o ouvia atentamente. O coração de Maria se encheu de alegria por ver seu filho. E perguntou a Ele, por que se afastara. E Ele lhe respondeu, “porque se preocupa, não sabeis que tenho de cuidar dos negócios de meu Pai?”.
Uma mãe diante do sofrimento do filho
Voltemos ao Calvário. Durante o percurso de Jesus, com a cruz aos ombros, a caminho do Gólgota (calvário em Grego), conseguindo furar o bloqueio da multidão que acompanhava seus passos Maria pode apreciar de perto o rosto sofrido e banhado em sangue, dos espinhos em sua cabeça, de seu filho. Seu coração sangrava tanto quanto estivesse com aqueles espinhos nele cravados.
Jesus continua seu martírio, até chegar ao alto do monte. Lá pregam seus pés e suas mãos ao madeiro da cruz. Cada martelada é como pancadas no sofrido coração de Maria. Sente-se como que desfalecer, mas mantém-se de pé, pois sabe que seu filho a olha, através do sangue que escorre em sua face. Ali o martírio continua. Só resta acompanhar, minuto a minuto, como se séculos fossem decorridos, o lento sofrimento de seu amado filho. Até o último e derradeiro suspiro que escapa de seus lábios. Ao descerem seu corpo da cruz, ela o recebe para um último e doloroso abraço, em seu regaço. Só resta a última dor. Acompanhar o corpo de seu amado, ao sepulcro, onde, envolto em lençóis, o corpo de Jesus é depositado. A grande pedra é rolada na abertura da rocha, e a visão de seu filho é coberta.
Viver a Semana Santa com Maria
Convido você a viver com grande devoção a semana mais santa de todas as semanas e contemplar o grande mistério salvífico de Nosso Senhor Jesus Cristo, juntamente com sua Mãe, a Virgem das dores, através do retiro Vivendo a Semana Santa com Maria, Mãe das Dores (clique aqui para se inscrever).
Unamo-nos a Maria e imitemos seu dulcíssimo coração, para que junto da Mãe das dores possamos acolher o múnus da Cruz e a graça da Vida Nova em Jesus. Preparemo-nos e soframos com Maria.
Maria e o sacrifício de todas as mulheres
Percebemos na dor de Maria o sacrifício de todas as mulheres, que, como ela, tem seus filhos entregues ao mundo. As incertezas de sabê-los em casa, depois de suas saídas. A preocupação na demora de chegar. As notícias que chegam esparsas. E as dolorosas notícias da perda. Assim como Maria, espelham em suas faces o orgulho e o medo durante toda sua vida, desde o momento da concepção, antes de vê-los perfeitos, até o momento em que encerram seus olhos para a derradeira viagem.
O orgulho por suas conquistas, são como se a cada uma fossem dadas. As preocupações com suas famílias, que formaram depois de saírem do lar materno. Com seus netos, se porventura os tenham, com a harmonia em seus lares. Cada notícia um pulo em seus peitos, ou de alegria, ou de preocupação. Verdadeiras Marias, que Deus colocou em cada lar.
Rubens Lace, pelo Hozana