Bispo da Igreja Greco-Católica Ucraniana, Mykhaylo Bubni chefia o exarcado (equivalente a uma diocese) de Odessa-Crimeia. Passando por Paris em 9 de maio, ele falou à Aleteia sobre a situação de seu país devastado pela guerra e a condição dos fiéis, já que poucos padres permaneceram no local.
Aleteia: Qual está a situação do seu exarcado durante a guerra? Os sacerdotes da Igreja greco-católica ucraniana e os fiéis ainda estão lá e podem praticar sua fé?
Bispo Bubniy: A situação é muito complicada lá. No meu exarcado, tenho seis paróquias atualmente ocupadas, a maioria das quais na Crimeia, onde não posso visitar desde 2019. Apenas três padres permaneceram lá e servem essas paróquias, porque não tiveram tempo de sair e agora não podem deixar o local. É o mesmo para um pequeno número de devotos. A maioria fugiu dos combates, mas os poucos que permanecem estão sob constante estresse devido à forte presença russa. Muitos foram para o oeste da Ucrânia, para Lviv, por exemplo, onde têm família, parentes. Quando voltam, são sitiados pelos russos. Temos por exemplo a casa de um padre que está ocupada e na qual ele não pode mais entrar.
Como ocorre a ajuda humanitária?
Desde o primeiro dia da invasão, 24 de fevereiro de 2022, as paróquias se tornaram centros de distribuição de ajuda. Cada paróquia mantém um registo preciso para poder estudar quais são as necessidades, as carências, o número de deslocados, e evitar a “duplicação”, ou seja, permitir que todos recebam na medida certa. Para isso, cooperamos com as estruturas estatais responsáveis pela ajuda humanitária. Antes de cada distribuição, celebramos a missa. As necessidades são geralmente as mesmas: alimentação, remédios, roupas, geradores elétricos, ajuda financeira para as famílias.
Como o senhor se sente por estar longe de algumas de suas dioceses?
O bispo é o pai eclesiástico e espiritual dos fiéis a ele confiados. Só posso me preocupar, como um pai se preocuparia com seus filhos. Além das ações concretas que realizo diariamente para ajudar as paróquias, rezo muito para que tudo pare e encontremos a paz. Os ucranianos, inclusive eu, têm certeza de que a Ucrânia vencerá esta guerra. O que espero é que a comunidade internacional, incluindo a França, não se acostume com esta guerra, porque é assunto de toda a Europa. Se os europeus sentem isso com a inflação, os ucranianos estão pagando tudo isso com seu sangue.