O sepultamento é a forma tradicional católica de dar digna destinação aos restos mortais humanos. A Igreja também permite a cremação, desde que sejam respeitados certos requisitos – como o enterro das cinzas humanas ou a sua inumação em um nicho adequado, vetando-se estritamente a sua dispersão.
Novo método de cremação
Mais recentemente, começou a ser disponibilizado um novo método de cremação baseado em uma mistura de água alcalina que dissolve completamente os materiais biológicos. Os bispos, no entanto, alertam que este método não é adequado para os católicos.
O processo é conhecido como hidrólise alcalina, aquamação ou "cremação com água". Já é uma forma legal de sepultamento em 24 estados norte-americanos, com outros sete considerando atualmente a sua legalização. De acordo com a Associação de Cremação da América do Norte, o processo consiste em colocar o corpo do falecido dentro de uma câmara selada, onde a mistura aquosa ácida decompõe o corpo enquanto ele é pressurizado e aquecido.
Tratamento digno
Os defensores do método afirmam que ele tem uma "pegada de carbono" menor que a cremação usual. Ele também deixa mais restos, na forma de ossos, que devem ser pulverizados, exigindo uma urna maior. Os restos biológicos dissolvidos no fluido, porém, são simplesmente descartados no sistema local de esgoto - ou até usados como fertilizantes. É nestes aspectos que a Igreja Católica aponta o real problema relativo ao digno tratamento que se deve ao corpo de uma pessoa falecida.
Para a Igreja, os restos mortais humanos merecem respeito para se proteger a dignidade do falecido, da mesma forma que o seu corpo merece respeito enquanto vivo. O Catecismo da Igreja Católica ensina, de fato, que os corpos dos mortos devem ser tratados com respeito e caridade, na fé e na esperança da ressurreição. Por isso mesmo, sepultar os mortos é uma obra corporal de misericórdia, que honra os filhos de Deus como templos do Espírito Santo.
Pronunciamentos de bispos
O Vaticano ainda não ponderou oficialmente sobre a cremação com água, mas os bispos dos EUA já vêm oferecendo orientação aos fiéis. De acordo com a Arquidiocese de St. Louis, o ex-arcebispo de Washington, cardeal Donald Wuerl, chamou o descarte posterior à cremação com água de "desrespeito desnecessário ao corpo humano".
A Arquidiocese de St. Louis também considerou o método inadequado para os católicos. O arcebispo emérito dom Robert J. Carlson observou que "essa forma de cremação, na sua prática atual, viola a dignidade da pessoa humana falecida". A arquidiocese recomendou aos católicos evitar o método "até que seja estabelecido outro meio adequado de descarte do líquido remanescente".
A questão do "descarte"
Em 2019, a Conferência dos Bispos Católicos do Texas escreveu sobre as cremações com água:
"Tratar os mortos com respeito é um dever dos vivos e um direito dos mortos. Este projeto de lei não trata os mortos com respeito. Os defensores da hidrólise alcalina afirmam que o resultado é semelhante ao da cremação, com alguns restos de ossos passíveis de serem enterrados. O que eles não explicam é que também existe um grande volume de líquido, aproximadamente de 100 galões, no qual o restante do corpo foi dissolvido e que, normalmente, é despejado no esgoto".
Os bispos do Texas também contestaram a argumentação de que este processo seria "mais ecológico", já que tanto os restos quanto os produtos químicos usados para dissolvê-los são lançados no esgoto. Eles também observaram que, embora as cremações na água sejam um pouco mais baratas, isto não justifica que o respeito e a reverência pelos corpos humanos sejam sacrificados.