Morreu neste 7 de agosto, aos 87 anos de idade, o diretor de cinema William Friedkin, conhecido por levar às telas em 1973 o romance "O Exorcista" (1971), de William Peter Blatty, que, por sua vez, se baseou numa história verdadeira que ele conheceu quando era estudante na Universidade de Georgetown. Friedkin também realizou, em 2017, o documentário "O Diabo e o Padre Amorth", sobre o pe. Gabriele Amorth, exorcista do Vaticano - não confundir com "O Exorcista do Papa", com Russel Crowe, que é outra produção.
"O Exorcista" foi um grande sucesso de bilheteria quando estreou 50 anos atrás, no dia seguinte ao Natal. O filme impressionou os espectadores com seus efeitos especiais, como a levitação e a cabeça giratória da menina possuída.
As filmagens envolveram os jesuítas da Universidade de Georgetown e duraram 22 dias, em outubro de 1972. Nesse período, uma série de contratempos levou algumas pessoas a acreditarem que o filme era “amaldiçoado”. Segundo um jornal do campus, um carpinteiro com vários anos de experiência perdeu acidentalmente vários dedos, por exemplo. E o filho de 6 anos de um dos atores foi atropelado por uma motocicleta e ficou gravemente ferido.
Friedkin foi indicado ao Oscar pelo filme, mas não ganhou o prêmio de Melhor Direção. "O Exorcista" ganhou duas outras estatuetas, incluindo a de Melhor Roteiro para Blatty. Friedkin, no entanto, ganhou o Globo de Ouro na categoria de Melhor Diretor.
Enquanto Blatty, morto em 2017, era católico e filho de imigrantes libaneses, Friedkin era de fé judaica e seus pais emigraram da Ucrânia para os EUA no início do século XX por causa dos pogroms czaristas contra os judeus.
Quando fez o filme, Friedkin nunca tinha visto um exorcismo real. Anos depois, ele mesmo afirmou que, além de testemunhar um, ainda "estava lá para filmá-lo". Ele se refere ao documentário "O Diabo e o Padre Amorth", que retrata um exorcismo realizado numa vila italiana pelo exorcista principal do Vaticano.
Em entrevista para o The Wrap em 2013, Friedkin havia sido questionado sobre a possibilidade de alguma pessoa incrédula ter dirigido “O Exorcista”. Ele respondeu:
"Acho que um ateu declarado não deveria dirigir esse filme. As minhas crenças pessoais eu considero agnósticas. Acredito que o poder de Deus e a alma são incognoscíveis, mas quem diz que Deus não existe não está sendo honesto quanto ao mistério do destino. Fui criado na fé judaica, mas acredito fortemente nos ensinamentos de Jesus".