O espanhol Pablo Alonso Hidalgo tinha apenas 21 anos quando morreu, em 15 de julho de 2023. Desde os 15 anos de idade, ele sofria de sarcoma de Ewing, uma forma de câncer ósseo. Depois da morte do jovem carmelita, seu testemunho cruzou as fronteiras espanholas para impactar o mundo inteiro.
Pablo estudava engenharia informática na Pontifícia Universidade de Salamanca e, apesar do difícil tratamento médico e das dores causadas pela doença, manteve uma atitude de entrega total a Deus ao longo da sua curta vida.
Testemunhando uma fé fervorosa, professou os votos religiosos no dia 25 de junho no leito de morte, “in articulo mortis”. O agora chamado Irmão Pablo María de la Cruz morreu no convento carmelita de San Andrés, em Salamanca, em 15 de julho. Estava cercado por seus amigos e familiares numa vigília de adoração.
A morte em Cristo
Longe de ter medo de morrer, Pablo falava com muita tranquilidade do momento em que deixaria este mundo, evocando essa partida como um encontro com o Pai. “O que eu gostaria de dizer é o quão incrivelmente bela é a morte em Cristo, é algo que não é assustador, é incrível e é um tabu que eu acho que precisa ser quebrado”, disse ele em sua última carta aos entes queridos. Seu desejo era “estar com Ele para sempre”.
Pablo foi sepultado em 17 de julho e seu funeral ocorreu na mesma igreja onde fez seus votos. Dom José Luis Retana, Bispo de Salamanca, celebrou a missa e destacou a atitude de santidade deste jovem irmão à beira da morte. “Ele foi testemunha do amor incondicional de Deus."
Jornada Mundial da Juventude
Às vésperas da Jornada Mundial da Juventude de Lisboa, o Papa Francisco recebeu uma carta escrita pelo Irmão Pablo dois dias antes de morrer. Nela, o jovem religioso assegura-lhe as suas orações e explica-lhe que foi acolhido na ordem carmelita "in articulo mortis". Aqui estão alguns trechos de sua carta comovente:
"Tenho consciência de que tudo no plano de Deus tem o seu propósito. Entre altos e baixos, em dias melhores e piores, e com a purificação proporcionada pela doença, posso olhar para trás e reconhecer que fui e sou feliz. Descobri que o centro da minha vida não é a doença, mas Cristo.
Queria participar da JMJ de Lisboa com vocês e com todos esses jovens do mundo todo que vão para lá. Sei, por experiência própria, que a chama interior carregada por um jovem apaixonado por Jesus não pode ser apagada por ninguém. Peço ao Senhor que arda em Lisboa este fogo do Amor de Deus. Como quero que os jovens conheçam Jesus, meu Amado! Ele me deu tanto! Isso me confortou muito. Isso me deixou muito feliz! Fisicamente não tenho mais forças, mas a comunhão dos santos me permitirá participar [da JMJ] de maneira profunda e não menos próxima de vocês.
De fato, não sei se, quando receber esta carta, poderei acompanhá-lo na oração ou se Deus, em sua infinita misericórdia, já me terá chamado de volta para si. (…) Uno, pois, a fragilidade da minha vida – mas que sei ser preciosa aos olhos de Jesus –, assim como as minhas intenções, às vossas para esta JMJ.
Peço ao Senhor, sobretudo, a conversão dos jovens, para que possam encontrar o amor de Deus através de Jesus Eucaristia. Em segundo lugar, ofereço a minha vida pela Igreja, nossa Mãe, e peço a ajuda da Virgem Maria para que todos os movimentos, grupos eclesiais, Congregações e Ordens religiosas se unam, para que a divisão não desfigure o seu rosto e para que a beleza do Corpo de Cristo resplandeça no meio do nosso mundo e na própria Igreja. E, em terceiro lugar, uno-me à Paixão do Senhor para que a oferta da minha pobre vida nos ajude a banir o medo da morte. O Céu existe!"