O Papa Francisco encontrou neste fim de semana o presidente da França, país que se aproxima da legalização do suicídio assistido, mas foi enfático em reiterar a sua defesa da vida humana, tanto no útero quanto no caso dos idosos e das pessoas em graves quadros de saúde.
No voo de volta de Marselha, na França, para Roma, Francisco falou da eutanásia quando um jornalista lhe perguntou se tinha discutido novamente o assunto com Emmanuel Macron. O Papa respondeu que o tema não foi tratado nesta breve viagem, mas que na recente visita de Macron ao Vaticano, "falei claramente e expressei a minha opinião claramente". E foi taxativo:
"Não se brinca com a vida, nem no começo nem no fim. Não podemos brincar".
O Papa alertou ainda contra uma "eutanásia humanística" ou uma "política do ‘sem dor’".
"Sobre este ponto, quero citar novamente um livro. Por favor, leiam. É de 1907. É um romance chamado 'Lord of the World', escrito por [Robert Hugh] Benson. É um romance apocalíptico que mostra como as coisas seriam no final. Todas as diferenças são eliminadas, incluindo toda dor. A eutanásia é uma dessas coisas – uma morte suave; [há também a] seleção antes do nascimento. [O livro] nos mostra que esse autor previu alguns dos conflitos atuais".
Francisco também falou do frenesi em favor da legalização da eutanásia como uma "colonização ideológica", termo que utiliza para se referir a certas tendências sociais que são impostas aos países em desenvolvimento pelos países mais ricos. É um termo que ele usa com frequência no contexto da ideologia de gênero.
"Precisamos hoje tomar cuidado com as colonizações ideológicas que arruínam a vida humana e vão contra a vida humana. Hoje, por exemplo, a vida dos avós é apagada… ‘Eles são velhos e não servem para nada’. Não podemos brincar com a vida".
Na sua breve resposta ao jornalista, o Papa também reiterou um ponto que já tinha destacado muitas vezes: que as questões da vida não são questões "meramente religiosas":
"Não estou dizendo que é uma questão de fé. É uma questão humana. Uma questão humana. Existe uma 'compaixão feia'. A ciência transformou algumas doenças dolorosas em acontecimentos menos dolorosos, acompanhando-as com muitos medicamentos. Mas não se deve brincar com a vida".