Nos arredores de Istambul ergue-se agora uma imponente igreja branca, dedicada ao culto siríaco-ortodoxo. Inaugurada no domingo, 8 de outubro, pelo presidente Recep Tayyip Erdoğan, a igreja dedicada a Santo Efrém encarna um símbolo para a minoria cristã: é a primeira vez que a Turquia acolhe uma nova igreja no seu território, desde a fundação da República laica por Mustafa Kemal, em 1923. A primeira missa na igreja acontecerá no dia 15 de outubro.
A pedra fundamental do edifício foi lançada em 2019, mas a inauguração, incialmente prevista para 19 de fevereiro de 2023, teve de ser adiada após o devastador terremoto que atingiu a Turquia e a Síria, algumas semanas antes.
O presidente turco discursou no dia 8 de outubro, saudando a “coabitação” das diferentes comunidades religiosas do seu país: “Judeus, cristãos, estamos felizes que todas as comunidades do nosso país vivam juntas”, declarou. “Existem muitos problemas em todo o mundo hoje. A Turquia é um país onde múltiplas comunidades viveram em paz durante séculos”, acrescentou o presidente antes de sublinhar que, sob o seu mandato, cerca de vinte igrejas foram reformadas em todo o país.
A situação da minoria cristã
Na Turquia, a República é "um Estado democrático, laico e social de direito", como proclama o artigo 2º da Constituição de 1982. No entanto, a Constituição não concebe o laicismo como uma separação rigorosa entre os poderes temporal e espiritual, mas como a submissão da religião a um controle muito apertado por parte do Estado.
Ao longo da história turca recente, o equilíbrio de forças entre o Estado e a religião sofreu profundas alterações: enquanto o Islã se tornou dominante na sociedade turca, as minorias foram marginalizadas e mesmo progressivamente apagadas da esfera pública.
Atualmente, o número de cristãos (principalmente das Igrejas Armênia, Síria, Caldeia e Ortodoxa Grega) na Turquia é estimado em 0,2%, em comparação com 20% no início do século XX.