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O ex-morador de rua que canta com o compositor francês Vianney

Vianney et Éric Devillers.

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Aline Iaschine - publicado em 06/12/23
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Em seu novo álbum, "À 2 à 3", lançado em 10 de novembro, Vianney canta com celebridades do cenário musical internacional, mas também com amadores, incluindo Éric Devillers, um ex-morador de rua

Essa não é a primeira vez que o cantor Vianney demonstra sua preocupação com os menos favorecidos. Em seu álbum anterior, ele cantou Merci pour ça para Karim, um amigo sem-teto que conheceu em uma noite do Hiver Solidaire. Dessa vez, em seu novo álbum À 2 à 3, composto de duetos e trios, Vianney canta uma música com um ex-morador de rua, Éric Devillers.

Éric Devillers era um comissário de polícia na Bélgica quando deixou tudo para trás e veio para a França depois de um sério esgotamento. Por mais de dez anos, ele viveu nas ruas. Passava os dias pedindo esmolas na estação de metrô Roma, em Paris, observando as pessoas passarem por ele. Foi uma época difícil, quando às vezes ele passava vários dias sem ter uma conversa real com ninguém.

Éric Devillers
Éric Devillers

Em 2019, Éric Devillers permaneceu na paróquia Trinité como parte de uma ação social por alguns meses. Foi lá que ele conheceu o cantor: "Uma noite, à meia-noite, bati na janela. Um jovem veio abrir a porta, e lá na cozinha eu vi Vianney", Éric Devillers conta à Aleteia. "Naquela época, acho que ele vinha uma vez por mês para ser voluntário em La Trinité. Ele costumava passar tardes e noites ajudando as pessoas de rua, conhecendo-as e conversando com elas. Naquela noite, começamos a conversar e conversar… até as 4 horas da manhã! Falamos sobre ele, falamos sobre mim e, aos poucos, nos tornamos amigos".

Éric Devillers também lhe contou sobre sua paixão pela escrita. Ele escreve contos e poemas sobre sua vida cotidiana. No início, Vianney se ofereceu para fazer uma música com uma de suas letras, só para ele, por gentileza, mas quando o cantor leu seus poemas, percebeu que Éric tinha muito talento. "Eu lhe ofereci algumas letras que havia escrito, e ele adorou uma delas", diz Éric.

A música "Debout", de Vianney e Éric Devillers

Vianney voltou com seu violão. Um mês depois, ele compôs uma melodia e disse a Éric que um dia a lançaria. "Ele voltou várias vezes à paróquia. Mantivemos contato regularmente, encontrando-nos ou telefonando um para o outro. Ele tem um bom coração. É um amigo leal. Quando ele dá sua amizade, é um presente precioso", confidencia. "Então, no ano passado, ele me disse: 'Venha à minha casa na próxima semana e vamos gravar a música, ela está quase pronta'. Ele canta, eu falo: nossa música está agora em seu novo álbum. Ele estava absolutamente determinado a me incluir no álbum". A música se chama Debout e acaba de ser lançada como uma das faixas do novo álbum de Vianney, À 2 à 3, que foi direto para o primeiro lugar nas paradas de álbuns francesas em seu lançamento.

"Inicialmente, escrevi o poema para mostrar que as pessoas que vivem nas ruas ou em situações precárias podem sobreviver, desde que recebam uma mão amiga", explica Éric. "Encontrar alguém, uma mão amiga, é uma sensação boa. Não estamos pedindo às pessoas que sejam super-heróis. Elas não podem nos ajudar da noite para o dia, mas podem nos ajudar e nos levar às estruturas certas".

"Há momentos muito difíceis na rua, quando você não tem mais vontade de fazer nada", ele confessa. "Essa música mostra que, no fundo, todos nós queremos fazer algo para sair da situação. Só que precisamos de uma mão para nos ajudar". Éric Devillers recebeu essa mão amiga, porque as pessoas recorreram a ele em busca de ajuda, e hoje ele não vive mais nas ruas.

Em 2019, com a associação Entourage, que luta contra a precariedade e a exclusão social, ele participou de dias de conscientização em empresas e escolas. Um dia, o diretor de comunicação de um banco, sensibilizado com sua história, pediu que ele se juntasse à sua equipe. "Era 6 de dezembro", lembra Éric, "e ainda bem: para os belgas, esse é o dia de São Nicolau, o dia dos presentes para as crianças". Desde então, Éric trabalha no banco em caráter permanente e encontrou um lugar para morar.

No entanto, Éric Devillers não se esqueceu de outros sem-teto e continua envolvido com o trabalho social da paróquia. Hoje, ele é presidente do comitê de rua da associação, que analisa as melhores maneiras de ajudar as pessoas em situações precárias e, por sua vez, estende a mão aos mais desfavorecidos.

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