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Os perigos de ler o horóscopo

Previsões de ano novo
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Edifa - publicado em 24/10/19
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Na televisão, rádio e jornais, o horóscopo está em todo lugar! Consultar o seu horóscopo de vez em quando pode parecer algo trivial ou até mesmo divertido. No entanto, esta prática se revela espiritual e psicologicamente prejudicial

Todo jornal ou revista tem seu horóscopo. Sem crer e de alguma forma ainda acreditando, desenvolvemos a estranha mania de olhar aquelas três linhas que falarão sobre as previsões para a nossa vida. Infelizmente, até os cristãos mais tementes à Deus caem nessa armadilha.

Quando os estudamos, vemos que os horóscopos têm algumas características particulares que se repetem. Primeiro, eles sempre se concentram na trilogia que interessa a todos: saúde, trabalho (muitas vezes reduzido ao dinheiro) e amor (muitas vezes reduzido a encontros românticos). Além disso, eles têm um lado idólatra – a felicidade ou a sorte estão acima de tudo, versáteis como os deuses da antiguidade. Outra característica desta literatura é a sua uniformidade – vaga o suficiente para que todos se encontrem nas suas descrições; com um toque perturbador de vez em quando para dar um ar de seriedade e lembrar as situações da vida real, mas com um fundo de otimismo tranquilizador, para não dizer “calmante”. É acima de tudo repetitivo, porque seria impossível ser original 365 dias por ano (multiplicado por doze signos do zodíaco e três domínios, ou seja, 13176 previsões para garantir os anos bissextos!).

Você sabia que a Bíblia é muito rigorosa contra qualquer forma de previsão, clarividência, adivinhação? Porque? Porque na verdade o horóscopo é puro paganismo.

Um jogo de subjetividade ou uma premonição?

Corremos o risco de nos aprisionar em um destino já inscrito nas estrelas, ou em qualquer outra coisa – cartas, búzios, bola de cristal. Na verdade, estaremos pecando contra a fé porque isso ofende a dignidade do homem. Nossa liberdade, mesmo condicionada por muitos parâmetros, inclusive o cósmico (por que não?), sempre tem capacidades inéditas e imprevisíveis. Além do mais, esta prática também ofende a grandeza de Deus pois a Sua graça é ainda mais imprevisível e sempre pode tudo transformar.

A astrologia preditiva é, portanto, uma regressão espiritual. No plano psicológico, ela coloca a pessoa em um estágio mágico, o que é normal na primeira infância, mas que na idade adulta pode se tornar doentio. No simples plano do “bom-senso”, é um absurdo. Se acontece que uma vez ou outra a “previsão” vira realidade, é pelo simples jogo das probabilidades: se eu anunciar o bom tempo para 15 de setembro, tenho 50% de chance de estar certo! Ou pelo jogo da subjetividade: inconscientemente, faço acontecer aquilo que eu acho que deve acontecer. Ou ainda – não podemos excluir essa hipótese – pelo jogo diabólico dos “espíritos” que podem manipular o homem e até mesmo certos acontecimentos.

No máximo, podemos admitir uma astrologia descritiva. Pode haver traços comuns em Áries ou Aquário. Pode haver uma influência da “paisagem” estelar em nossa personalidade – da mesma forma como somos marcados pelo país ou região em que nascemos: pessoas do norte ou do sul, do interior ou do litoral, formam grupos que podem ser identificados pelas suas características em comum. Mas não devemos fazer desses sinais algo absoluto. Eles são apenas uma pequena parte da infinita rede de influências que nos moldam em todas as direções. E essas influências são apenas uma estrutura de onde partimos para, criativamente e livremente, desenhar as nossas vidas. Com a graça de Deus!

Padre Alain Bandelier

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