Mudança de casa, escola ou colegas: como explicar para a criança?

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Edifa - publicado em 27/05/21
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A experiência de mudança pode ser difícil de administrar para as crianças, que apresentam problemas e ansiedades diferentes. Porém, há como enfrentar bem esses desafios, ajudando-os a vencer a superar a transição

O adaptação das crianças durante uma mudança leva tempo e depende de sua própria autoconfiança, diz a psicoterapeuta Virginie Tesson. Mas como ajudá-las superar essa fase difícil?

O que caracteriza uma mudança é a perda das referências. Isso torna mais fraco aquelas crianças que são mais frágeis. Nas crianças, esse desequilíbrio pode se manifestar por meio de distúrbios de comportamento, apetite ou, mais frequentemente, de sono. A criança não consegue adormecer ou chora ao deitar e acorda várias vezes à noite, como se estivesse perdida. Com as crianças mais velhas, o mais difícil ainda é quebrar os laços de amizade.

A reação das crianças à mudança depende diretamente de seu grau de autoconfiança e de sua confiança na vida. Se for boa, elas podem superar essa perda de referências e amigos, manter a confiança, estender a mão para os outros, ficarem mais tranquilas. Se a confiança for fraca, a perda será vivida com dor e com tendência ao isolamento. A criança precisará de tempo, pelo menos várias semanas, para assimilar a mudança.

A mudança reativa uma ansiedade de separação que, às vezes, encontra sua origem no útero. Quando a mãe está bem, quando ela está feliz, a criança no útero sente o amor de sua mãe. Quando ela sofre, por qualquer motivo, a criança percebe isso como uma falta de amor. Isso está inscrito em sua memória inconsciente e pode ser reativado durante uma separação posterior, como uma mudança.

Como acontece com todos os transtornos ligados à ansiedade da separação, aconselho a mãe revisar sua história de vida com o filho. Recuperar os momentos dolorosos e dizer-lhe que, nesses momentos, mesmo que a criança não sentisse, ela ainda continuava sendo amada. Em seguida, evocar com ela o sofrimento manifestado durante a mudança e convidá-la decidir acreditar que, nessa situação, ainda continua sendo amada pelo seu pai e pela sua mãe. Devemos insistir: o amor permanece para sempre, mesmo que veja tantas mudanças ao seu redor.

Conversar com as crianças sobre a mudança o mais rápido possível lhes dá tempo para se prepararem. Os pais devem contar o que sabem e, principalmente, como eles próprios vivenciam essa mudança. Que expliquem as razões de sua escolha: "Pensamos que poderíamos mudar de cidade para que o papai possa ser feliz no trabalho e porque um papai contente no trabalho é bom para toda a família". Uma mudança que inclui toda a família é uma fonte de força e união.

Que cada uma tenha a capacidade de expressar o que sente: “Quais são os seus medos, quais dificuldades preocupam? O que te faz feliz?" No primeiro nível de preocupações está a perda dos amigos. No caso dos filhos mais velhos, cabe a eles manter os velhos amigos, se assim o desejarem. Não gosto de dizer: "Você encontrará outros". Cada encontro, cada amizade, é único, não pode ser substituído. Mas "além disso, você fará novos amigos", sim. Tudo o que foi vivido antes é uma riqueza. Esse tesouro não se perde, pelo contrário, permanece para sempre, por pouco que o queiramos.

Sim, para alguns pode ser um caminho de crescimento. Mas atenção: psicologicamente, esta mudança parece um luto. Os familiares passarão por momentos de desânimo, de tristeza (por não ver os entes queridos todos os dias) e de medo (terei a capacidade de ser feliz aqui, de renovar alguns laços de amizade?). Cada um deve ser capaz de expressar seus sentimentos, tanto adultos quanto crianças.

Não há um conselho milagroso, já que o problema de adaptação está ligado a uma dificuldade mais antiga. Acima de tudo, não positivize -“Você vai ver, vai ser ótimo!”-; pelo contrário, tentar realmente acompanhar a criança na dor que ela está experimentando, ajudá-la a nomear suas perdas. O essencial é enfrentar a sua escolha, convidá-la a escolher a vida, a felicidade, e assim sair dela e ousar ir ao seu encontro. No começo, não pergunte à criança sobre seu trabalho na escola, mas sim sobre seus relacionamentos: “Você fez amigos? Quais são os nomes deles, o que eles fazem, que tipos de jogos eles brincam?". Que saiam ao encontro dos outros e vivam esta alegria de serem acolhidos.

Entrevista realizada por Raphaëlle Simon

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