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Por que a liderança inaciana virou moda nas empresas?

LEADERSHIP
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Miriam Diez Bosch - publicado em 02/03/18
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Um guia das competências que todo líder deve ter, segundo o fundador da Companhia de Jesus Liderança tem a ver com direcionamento. Ter preocupação com as pessoas e não só com as tarefas, proporcionar uma visão de conjunto, acompanhar, inspirar…

É por isso que o conceito de “liderança inaciana” se popularizou nas diretorias das empresas. O termo se refere ao exercício de recuperação das instituições praticado por Santo Inácio de Loyola e à forma como ele acompanhava as pessoas até o sucesso de uma determinada missão.

As dimensões da liderança inaciana servem para orientar tecnicamente os ocupantes de cargos de direção em relação aos valores e princípios relacionados com a tradição dos jesuítas. Elas foram extraídas do célebre escrito “Exercícios Espirituais” e de um texto menos conhecido: “Constituições da Companhia de Jesus e Normas Complementares”. Confira:

  1. Competências pessoais
  • Autoconhecimento: viver com confiança, buscar, em seu interior, a motivação para a liderança;  
  • Autorregulação: gerenciar e encarar com serenidade as emoções;
  • Motivação: entender o cargo diretivo como um serviço, assumir os custos pessoais que isso implica e gostar de ser avaliado e de prestar contas de seu trabalho.
  • Espiritualidade: saber como Deus age em sua vida, ter realizado os Exercícios Espirituais de Santo Inácio e encontrar formas de colaboração para uma visão comum.
  1. Competências sociais
  • Relacionamento: estabelecer relações interpessoais afetivas com as pessoas, gostar de gente, ganhar o respeito e inspirar confiança;
  • Acompanhamento: cuidar das pessoas, promover o desenvolvimento integral dos colaboradores e seu comprometimento à missão da empresa;
  • Equipes: contribuir com a criação de um bom clima organizacional, fomentar a unidade, a coesão e a solidariedade internas, reconhecer as atitudes, os esforços e os resultados das pessoas;
  • Dimensão corporativa: delegar responsabilidades, motivar a comunidade e criar metodologias de trabalho participativas.
  1. Competências estratégicas
  • Conhecimento da missão: conhecer o legado de Inácio de Loyola e a tradição apostólica da Companhia de Jesus;
  • Ambiente: interpretar o contesto religioso, cultural, econômico, social e político em que está inserida a empresa;
  • Fé e diálogo: fomentar a criação de uma comunidade plural de pessoas, onde os crentes expressam sua fé e respeitam as ideias de quem não compartilha com ela;
  • Justiça e ecologia: analisar criticamente a realidade, em especial no âmbito em que se desenvolve a atividade da obra, impulsionar projetos de superação dos problemas sociais, como a inequidade, pobreza, exclusão e questões ambientais;
  • Estratégia: estabelecer diagnósticos, ser capaz de compreender e abordar os desafios para planejar e gerar uma estratégia comum com outras instituições jesuítas do seu setor e de outros setores apostólicos;
  • Gestão: procurar amar, servir, cuidar das pessoas e estar onde os outros não estão.
  1. Competências transversais
  • Decisões: tomar decisões por meio do discernimento espiritual inaciano e compreender as consequências dessas decisões;
  • Mudanças: liderar a elaboração e execução de projetos inovadores, incluir as pessoas na mudança, estimular a reflexão e a busca constante de melhorias.
  • Reflexão compartilhada: levar em conta a sabedoria e a experiência dos outros, promover encontros e reuniões com os colaboradores, aprender com a experiência e sistematizar sua reflexão.

O reitor da Universidade de Deusto [Espanha], José María Guibert, defende que “as organizações podem ser o caminho do bem. Mas, se não se cuidarem, podem ser fonte de mal-estar, desumanização, secularização e injustiça”.  Ele conta isso em seu livro: “El liderazgo ignaciano. Una senda de transformación y sostenibilidade” (“A liderança inaciana. Uma senda de transformação e sustentabilidade”). Desde 2010, o padre Guibert dirige um projeto de formação em liderança inaciana.

 

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