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O segredo de São João Paulo II para tomar decisões difíceis

POPE JOHN PAUL II
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Ary Waldir Ramos Díaz - publicado em 18/10/19
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Quem revela é o cardeal que trabalhou anos com o Papa polonês Durante o lançamento de um livro em Roma, o prefeito emérito da Congregação para os Bispos, cardeal Giovanni Battista Re, enfatizou que São João Paulo II era um homem de oração, de certezas, dotado de uma capacidade ímpar de se comunicar com as pessoas e seguro de si. Tudo isso por causa de seu relacionamento com Deus.

O cardeal Re foi testemunha direta dos 26 anos e meio do pontificado do Papa João Paulo II e revelou o segredo de Wojtyla por tomar decisões difíceis: “Ele rezava por um longo tempo”.

O cardeal recontou alguns episódios da vida espiritual do santo e disse que o Papa polonês considerava as “necessidades do espírito humano” não menos importantes do que as do corpo.

Decisões difíceis

Quando, em vários momentos do dia, como durante as refeições, o Papa discutia projetos importantes e problemas e não conseguia tomar uma decisão adequada, ele sempre concluía: “Precisamos rezar ainda mais para que o Senhor nos ilumine a respeito deste problema, para que a mão de Deus venha em nosso auxílio.”

O cardeal Re, que foi secretário pessoal do Substituto para Assuntos Gerais do Secretário de Estado de 1971 a 1977, falou sobre um caso urgente que estava sendo discutido em profundidade durante as reuniões do mais antigo dicastério da Cúria Romana.

O Papa já ouvira várias opiniões e parecia haver uma boa resposta ao problema. Então, os conselheiros do Sucessor de Pedro perguntaram se eles poderiam publicar sua decisão. “Não, não”, disse Wojtyla, “ainda preciso rezar um pouco mais sobre esse assunto.”

O cardeal Re foi nomeado secretário da Congregação para os Bispos em 1987 e lembrou outra história que ilustra os critérios espirituais que João Paulo II utilizava quando tinha que tomar uma decisão definitiva sobre um assunto que afetaria a vida de milhares de fiéis, como a nomeação de um bispo:

Lembro-me de uma reunião plenária da congregação, na qual os votos dos bispos foram divididos igualmente: 50% e 50%.  Ambos os candidatos eram excelentes com base na adesão à tradição, conhecimento do local e experiência. Dissemos a ele tudo o que ele precisava saber e o Papa João Paulo II pegou os papéis nas mãos. Era sábado à noite e ele me disse: ‘Segunda-feira de manhã, celebrarei a Missa por essas intenções e depois tomarei uma decisão’. Não sei por que ele não me disse que faria isso no domingo, dia em que ele também celebraria a Missa, mas acho que provavelmente foi porque ele já tinha uma longa lista de intenções ”, explicou o cardeal Re.

O fim de semana passou, contou ele, e “segunda-feira à tarde, o cardeal Dziwisz (secretário do Papa) me deu os papéis com o nome do bispo anotado, como ele havia prometido”.

Primeira tarefa

O cardeal Re também lembrou a peregrinação do Papa ao santuário mariano de Mentorella, um dos santuários mais antigos da Itália e da Europa, em 29 de outubro de 1978. Lá, o pontífice disse ao mundo que “a principal tarefa do Papa é rezar“.

O cardeal Re reconheceu a coerência entre as palavras e ações do Papa:

“O Papa rezava para entender seus pensamentos mais profundos e estava convencido de que a primeira coisa que ele precisava fazer era pedir ajuda a Deus para que ele pudesse tomar uma decisão, fazendo a vontade de Deus na solução de um problema. Por fim, João Paulo II era um místico, e isso pode ser deduzido quando nós, seus colaboradores, o víamos fazendo caminhadas ao ar livre, em uma bela região rural, quando tínhamos que deixá-lo em paz para que ele pudesse rezar e contemplar a paisagem”. 

 

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