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O código secreto em “A ceia em Emaús”, de Caravaggio

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Alvaro Real - publicado em 10/04/20
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Caravaggio utiliza seu código e seus símbolos para representar a cenaA arte, sobretudo a pintura, está cheia de simbologia. Coisas que parecem ser, mas não são; símbolos que aparecem sem saber por qual motivo, códigos “secretos” com que os artistas dão forma à sua visão do mundo…

São muitos os exemplos de como os pintores utilizam códigos e símbolos para falar além da obra. Um exemplo é o que encontramos na cobra “A ceia em Emaús”, de Michelangelo de Caravaggio. Trata-se de um quadro que representa um dos momentos mais altos do Novo Testamento. Jesus, quase irreconhecível e depois da ressurreição, aparece a dois de seus discípulos.

O Evangelho de Lucas, 24:30-32, lembra a cena:

“Aconteceu que, estando sentado conjuntamente à mesa, ele tomou o pão, abençoou-o, partiu-o e serviu-lho. Então se lhes abriram os olhos e o reconheceram… mas ele desapareceu.Diziam então um para o outro: Não se nos abrasava o coração, quando ele nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras?” 

A visão de Caravaggio

Caravaggio utiliza seu código e seus símbolos para representar a cena. Jesus se apresentou como um companheiro de viagem aos dois discípulos e, neste momento, abençoa o pão. Os discípulos, então, percebem que é Cristo quem os acompanha.

Cristo é retratado como o “Bom Pastor”. Caravaggio o representa jovem e sem barba. Uma imagem diferente da que descrevia Jesus antes da crucificação. De maneira semelhante, mostra a surpresa dos discípulos e todo a sua movimentação, através de jogos de luz. O quarto personagem da cena, o dono da pousada, parece não perceber o que está acontecendo.



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Os códigos “secretos” de Caravaggio

Para deixar a cena mais viva e contar em profundidade toda a história dos “discípulos de Emaús”, Caravaggio utiliza todo um código de símbolos cifrados. Na cena, estão o pão e o vinho (a Eucaristia) e aparece um frango com as pernas estiradas (poderia ser uma representação da morte).

A cesta de frutas é um artifício simbólico. Não há nada aleatório e o pintor quer passar uma mensagem com cada uma das frutas. Deparamo-nos com a uva escura (morte), a uva branca (ressurreição), as romãs (a Paixão de Cristo) e as maçãs (o pecado original).

Mas, sem dúvida, o símbolo mais importante desta pintura está escondido debaixo da cesta. Ninguém sabe o motivo. O autor usa a sombra da cesta para fazer uma figura, um jogo escondido, um artifício pictório. A sombra que foi criada do cesto sobre a mesa tem a forma de um peixe. O que ele quis dizer com isso? É um novo símbolo, o dos cristãos?

O símbolo do peixe é um código secreto que os primeiros cristãos usavam. Quando um cristão queria se encontrar com outro cristão de forma clandestina, desenhava uma curva ou uma meia lua na terra. Se o outro desenhasse outra meia lua sobreposta à primeira, completando, assim, a figura de um peixe, havia uma probabilidade muito grande de ele ser um seguidor de Jesus, pois conhecia do “código secreto” cristão.

Talvez Caravaggio conhecesse este código e quis fazer uma última pincelada na obra. Pode ser que não seja uma sombra, e sim a saudação sobre a mesa que os discípulos fizeram pouco depois de sua Paixão, Morte e Ressureição.

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