separateurCreated with Sketch.

O vestido de noiva feito com o tecido do paraquedas que salvou o noivo

WEDDING DRESS
whatsappfacebooktwitter-xemailnative
Annalisa Teggi - publicado em 29/03/21
whatsappfacebooktwitter-xemailnative

Uma bela história de amor e esperança Um museu de aviação em Nova York – o The Cradle of Aviation Museum – tem um objeto especial em sua coleção: um vestido de noiva. Ele foi doado ao museu em outubro de 2020 e será exibido periodicamente como um lembrete de que há histórias que florescem mesmo nos momentos históricos mais sombrios e trágicos. Esse vestido é, de fato, uma testemunha da guerra, porque foi costurado com a seda do paraquedas de um soldado.

Um paraquedas como escudo

Muitos casamentos aconteceram em todo o mundo em 1945. Entre eles está o de George e Evelyn Breat. Eles ficaram noivos antes da guerra e depois ele serviu seu país como piloto em 53 missões aéreas perigosas.

Em um episódio do podcast do The Cradle of Aviation Museum, seu filho Mike Braet conta como, durante um vôo, o avião em que ele se encontrava foi atingido por um “flak”, uma artilharia antiaérea. Felizmente, embora tenha penetrado no avião, o pedaço de “flak”  acabou alojado em seu paraquedas de seda, no qual ele estava sentado. O paraquedas foi danificado, mas por sorte ou providência divina, ele não precisou usá-lo. Devido a esses danos, a Força Aérea permitiu que ele levasse seu paraquedas para casa como recordação.

“Meu pai voltou para casa com este paraquedas cheio de buracos”, disse a filha do casal, Kate Braet (hoje Irmã de São José), a um canal de televisão local. “Se o paraquedas não estivesse lá, ele teria morrido.”

Mike Braet conta no podcast como sua mãe, a noiva Evelyn, teve a ideia de fazer seu próprio vestido de noiva com a seda daquele paraquedas. Ela, então, começou o esforço de remover a insígnia militar e cortar os pedaços de tecido que estavam sem danos. Com a ajuda de uma amiga costureira, ela mandou fazer seu vestido de noiva com o material.

O paraquedas que virou vestido de noiva

Navegando em jornais e na web, há muitas histórias de vestidos de noiva feitos de tecido de paraquedas de soldados. Na Itália, quando as tropas americanas pousaram, muitos paraquedas – valorizados pela seda cara – foram recuperados. Na Sicília, por exemplo, os enormes “balões” abertos deixados no mar depois que os soldados saltaram de paraquedas receberam o nome de “le medusone”, “a grande água-viva”. Foram anos de miséria, e a seda dos paraquedas significava uma verdadeira fortuna.

Associamos a seda a eventos de gala e ocasiões elegantes, adequadas para roupas requintadas. Na época da Segunda Guerra Mundial, a seda também era necessária na batalha. Saltar de uma grande altitude para pousar em território inimigo, contando com a força de um grande pedaço de seda, é um grande paradoxo de coragem e vulnerabilidade. Talvez essa imagem não esteja tão distante do contexto do casamento.

Um vestido de noiva, costuma-se dizer, deve ser “um conto de fadas”, em que os protagonistas sempre enfrentam riscos mortais. Quando se trata de sonhos, nosso inconsciente nos dá não apenas histórias açucaradas, mas também pesadelos. Essas noivas que usaram recortes de paraquedas rasgados e perfurados para costurar seus vestidos de casamento talvez tenham chegado perto de realmente de unir “o conto de fadas” e “o sonho”. Casar é mergulhar de grande altitude; é dizer “sim” à possibilidade de encontrar riscos e surpresas, escuridão e rajadas repentinas de luz. Acima de tudo, significa agarrar-se àquele paraquedas de seda que é a mão de Deus: leve e invisível, mas resistente.

Uma história de esperança

George e Evelyn Braet passaram o resto de suas vidas juntos, um casamento que durou 60 anos. Certamente houve algumas batalhas entre as paredes da casa deles, assim como houve dificuldades e alegrias. A história deles foi invisível e extraordinária, como a de muitos outros casamentos.

Talvez mais do que aplaudir a longevidade desse amor é importante notar que o casamento começou com a consciência certa, de alguém que diz: “Nós escapamos da morte.” Aquele pedaço de míssel antiaéreo alojado na seda pode ser o símbolo de um verdadeiro presente de casamento: nunca vamos encontrar aqueles que amamos com um “vestido imaculado” e aqueles que nos recebem dizem “sim” a muitos buracos e lágrimas que são consertados apenas expondo-os e compartilhando-os, não escondendo-os.

O vestido de noiva de Evelyn faz 75 anos este ano. No podcast, a irmã Kate diz que o vestido “sobreviveu, assim como o casamento deles, por 60 anos” até que a morte os separou. Além disso, ela também afirmou à TV local: “A história vai além de nós, porque é uma história de amor, é uma história de bravura, é uma história de esperança, é uma história de futuro”.

Para fotos do vestido e do casal feliz, clique aqui e visite o site do museu.

 

Newsletter
Você gostou deste artigo? Você gostaria de ler mais artigos como este?

Receba a Aleteia em sua caixa de entrada. É grátis!

Aleteia vive graças às suas doações.

Ajude-nos a continuar nossa missão de compartilhar informações cristãs e belas histórias, apoiando-nos.

Top 10
See More
Newsletter
Você gostou deste artigo? Você gostaria de ler mais artigos como este?

Receba a Aleteia em sua caixa de entrada. É grátis!