Milícias islâmicas no Congo representam uma ameaça crescente, denunciaram os bispos da República Democrática do Congo mediante comunicado à fundação pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (AIS ou ACN, pela sigla internacional em inglês).
A violência tem aumentado principalmente no leste do país, flagelado por rebeldes alinhados com bandos radicais islâmicos. Entre as províncias mais afetadas estão Ituri e Kivu do Norte.
O episcopado congolês afirma que a região está "sob o controle dos predadores", o que acarreta "uma verdadeira crise" caracterizada pelo alto nível de insegurança.
Os bispos também apontaram indícios de "uma estratégia profunda para a islamização da região", com riscos ainda maiores para a já frágil estabilidade política do país.
De fato, as milícias têm praticado, segundo o relato dos bispos, "a ocupação da terra, a exploração ilegal de recursos naturais, o auto-enriquecimento gratuito e a islamização da região, sem respeito pela liberdade religiosa".
O comunicado prossegue:
Tal como ocorre na Nigéria, também assolada por radicais como o bando jihadista Boko Haram e os pastores nômades fundamentalistas Fulani, a população lamenta a incompetência das autoridades civis e "se sente abandonada". No caso do Congo, os bispos relatam:
A baixa efetividade é uma crítica aplicável também à comunidade internacional, denunciam os bispos. A República Democrática do Congo tem contado com a presença da missão de manutenção da paz da ONU, mas, ainda assim, conforme o episcopado, "os grupos armados no leste do país continuam a aterrorizar indiscriminada e brutalmente a população, principalmente por interesses de exploração de minerais".
O país aparece em posição crítica no mais recente Relatório da Liberdade Religiosa no Mundo, elaborado pela fundação ACN e publicado neste 20 de abril. Segundo o relatório (que você pode conferir acessando o artigo recomendado logo abaixo), a República Democrática do Congo está sofrendo "sérios desafios devidos à pobreza, corrupção, fragilidade das estruturas estatais, altos níveis de insegurança, surtos de ebola e à pandemia do coronavírus".
Além disso, no tocante especificamente à perseguição religiosa, a ACN enfatiza que as milícias alinhadas com organizações islamistas mantêm como alvo os fiéis cristãos e seus sacerdotes e pastores.