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Eutanásia no Canadá dispara 17%: país é assolado por ideologias relativistas

Eutanásia e suicídio assistido
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Francisco Vêneto - publicado em 15/06/21
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Para o relativismo, não é possível conhecer o absoluto e a verdade e, portanto, tudo depende de perspectivas circunstanciais

A eutanásia no Canadá disparou 17% em 2020 na comparação com 2019. O próprio Ministério da Saúde da mais extensa nação das Américas informou sobre o crescimento do número de canadenses que resolveram encerrar a sua vida mediante a eutanásia ou o suicídio assistido no ano passado.

O relativismo é, grosso modo, o ponto de vista que prega que não é possível conhecer o absoluto e a verdade e que, portanto, tudo depende de perspectivas circunstanciais. Embora seja claro que as circunstâncias são relativas por natureza, este fato não permite concluir de modo lógico a inexistência de quaisquer referências absolutas; no entanto, é isto o que o relativismo propõe no fundo: que o absoluto não existe (por mais que esta afirmação, por si só, já seja absoluta).

O próprio relativismo, porém, absolutiza a si mesmo quando afirma que "tudo é relativo"; e, se não o afirma com todas as letras na teoria, termina por afirmá-lo na prática ao negar liberdades individuais básicas, como a de crença e de expressão, ao mesmo tempo em que alardeia, incoerentemente, que todos são livres.

É o que se verificou, por exemplo, em 2019, quando a província canadense de Québec aprovou uma lei para proibir os funcionários públicos de usarem símbolos religiosos no ambiente de trabalho. A "justificativa" foi, como de costume, a de "garantir a liberdade de crença de todos". Como? Restringindo-a na prática. A óbvia incoerência foi amplamente criticada na época, já que uma lei desse tipo viola não só a liberdade de religião, mas também a de expressão - além de contradizer as suas próprias premissas. Como se não bastasse, a nova normativa ainda fazia uma distinção polêmica: a proibição se aplicaria aos funcionários públicos da província contratados a partir da promulgação da lei, ao passo que os funcionários previamente contratados permaneceriam isentos enquanto ocupassem os mesmos postos de trabalho. O simples fato de alguns serem proibidos e outros autorizados já é indício da pouca razoabilidade da medida: se a liberdade de expressão de alguns continua sendo aceita, por que não a dos outros? Por que alguns poderiam continuar "ofendendo" a sensibilidade dos não religiosos se o alegado problema a ser resolvido era justamente esse?

A resposta a esse tipo de incoerência está no próprio relativismo, que é um aberrante fenômeno cultural suficientemente elástico para dispensar a lógica básica. No fim das contas, o relativismo é uma fuleira expressão do autoritarismo: impõe medidas baseadas meramente em ideologias, variáveis conforme as conveniências dos grupos de poder que as defendem ferrenhamente ao mesmo tempo em que perseguem a opinião contrária em nome da "democracia".

O Canadá é hoje um dos países mais assolados do planeta pelas ideologias relativistas. Ao longo dos últimos anos, a população local tem sofrido um processo acelerado de laicização e submissão à ideologia do Partido Liberal. O país é cenário de maciça imposição de ideologias como a de gênero e a progressiva criminalização da defesa da família tradicional como crime de opinião.

A título de exemplo, a província de Ontário aprovou em junho de 2017 a assim chamada Lei de Apoio a Crianças, Adolescentes e Famílias (Supporting Children, Youth and Families Act), que estipula, entre outras medidas, que o governo pode retirar a guarda dos filhos de famílias que não aceitem as suas “identidades de gênero” ou as suas “expressões de gênero”. Este conceito, porém, é relativo e abstrato o suficiente para que qualquer interpretação seja possível, o que gera insegurança jurídica e, na prática, censura e persegue qualquer um que questione a fundamentação biológica e psicológica de tais expressões.

O Canadá também foi um triste "pioneiro" na aplicação extrema da ideologia de gênero: o caso dos gêmeos Reimer (e a tortura a que eles foram submetidos) é dramaticamente emblemático dos absurdos a que se chega quando se eleva a mera ideologia ao nível de suposta ciência. Confira o caso no seguinte artigo:

As 7.595 pessoas que solicitaram a "morte medicamente assistida" no Canadá em 2020 corresponderam a 2,5% do total de mortes registradas no país naquele ano - em plena pandemia de covid-19.

Esse tipo de morte por solicitação, que já vinha aumentando entre a população canadense, tende a crescer mais ainda agora que foi aprovada mais uma lei para facilitar o acesso ao suicídio e à eutanásia. Desde março deste ano, a legislação do país permite a prescrição de drogas letais a pessoas que não necessariamente estejam na assim chamada situação "de morte razoavelmente previsível". Isto quer dizer que, desde março, qualquer paciente que esteja sofrendo, ainda que não esteja em fase terminal, pode solicitar a morte medicamente assistida. A depressão, por exemplo, seria um motivo suficiente para qualquer um pedir a eutanásia ou o suicídio assistido no Canadá e ser atendido, por mais que se trate de um quadro perfeitamente tratável.

O número de pacientes que literalmente agendam a própria morte no país aumenta ano a ano desde 2016, quando a eutanásia foi legalizada em seu território.

Segundo informações do Ministério da Saúde canadense, não há diferenças significativas entre a quantidade de homens e mulheres que solicitam a morte, nem grandes variações entre diferentes classes sociais. Ainda segundo os dados do ministério, vários dos pacientes que solicitaram a morte assistida acabaram falecendo antes mesmo de receber as drogas letais porque já estavam em condições terminais, mas, em contrapartida, cinquenta pessoas mudaram de ideia após solicitarem o procedimento e acabaram retirando o pedido.

Esta última informação é particularmente relevante porque mostra que pessoas em profunda vulnerabilidade emocional, se receberem atenção adequada, podem ser salvas em vez de serem mortas.

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