Tradicionalmente, julho é o mês que a Igreja dedica ao Precioso Sangue de Jesus. No entanto, esse tema pode soar um pouco dissonante em nossas vidas, já que muitos tiram férias nesse período.
Porém, São Paulo nos diz:
Por mais espalhadas e diferentes que nossas vidas possam ser, todos somos feitos um no Sangue de Cristo.
No Antigo Testamento, aquele que oferecia sacrifício ficava, através desse sacrifício, mais perto de Deus. Na verdade, essa é a etimologia da palavra hebraica para sacrifício: o korban (קָרְבָּן qorbān) significa “estar perto”.
Embora o povo de Israel possuísse um sistema cultural complexo e altamente específico, algumas palavras sobre a natureza do sacrifício no Antigo Testamento iluminam o entendimento cristão do sacrifício.
Deus chamou o povo de Israel para ser uma nação separada, um povo peculiarmente seu. O sistema ritual, prescrito exaustivamente em Levítico, chamava este povo a um princípio central instado por Deus: “Sereis santos, porque eu sou santo” (Lv 11,45). Israel tem uma concepção única de Deus: a união pessoal com ele é o objetivo da vida. Deus é a fonte da qual toda força e vida derivam.
Diferentemente de outros povos antigos, o sacrifício humano era expressamente proibido em Israel . É verdade que o Deus de Israel exigiu que lhe dessem o primogênito. No entanto, é claro que os animais eram sacrificados no lugar das crianças.
Resgatar o primogênito com o sacrifício de um cordeiro torna-se o fundamento para uma teologia da substituição, permitindo a oferta de um animal para redimir uma criança.
Notoriamente no livro de Êxodo, é o sangue do cordeiro sacrificado por uma família, que protege a família do anjo da morte. O sangue é o sinal da aliança, que protege o povo de Israel.
Então, depois de fugir do Egito, Moisés recebe os Dez Mandamentos de Deus. No Monte Sinai, para ratificar a aliança do povo, o livro do Êxodo relata:
Portanto, o sangue da aliança significa a nova vida que Israel tem com Deus. A comunhão com Deus é mediada pelo sacrifício e tornada visível nos ritos.
O livro Carta aos Hebreus, do Novo Testamento, reconhece a centralidade do sangue no culto ritual israelita. Hebreus observa que a aliança foi ratificada com sangue de animais e que o sangue purifica o Templo. Explicando os costumes de Israel, Hebreus diz:
Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, derramou de uma vez por todas o seu Precioso Sangue, o sangue da nossa redenção. Ao contrário das ofertas regulares de touros e ovelhas, o sacrifício de Jesus mereceu a salvação do mundo no Monte do Calvário.
Onde, então, está o sangue em nossas vidas? Como entramos em contato com o sacrifício do Calvário? A Igreja Católica sempre entendeu que a celebração da Eucaristia torna presentes as graças da paixão de Cristo. Lumen Gentium, um documento do Concílio Vaticano II, diz:
Mas a Missa não é uma repetição do Calvário. O sacrifício definitivo de Jesus não se repete ou é copiado como algum tipo de folheto impresso. Em vez disso, Na missa, as graças da cruz são, por assim dizer, trazidas para o aqui-e-agora. Na Santa Missa, o acontecimento histórico da efusão do Precioso Sangue de Jesus torna-se presente para nós .
Vamos, então, amar a Deus através da efusão do Precioso Sangue de Jesus. No primeiro século, o Papa Clemente exortou a Igreja, dizendo: “Fixemos o nosso olhar no Sangue de Cristo e percebamos quão verdadeiramente precioso é, visto que foi derramado para a nossa salvação e trouxe a graça da conversão para todo o mundo.”
De fato, o Precioso Sangue de Jesus lava nossos pecados e, ao fazê-lo, torna possível que vivamos unidos a Deus e uns aos outros.
Como diz um provérbio medieval, o sangue é realmente mais espesso que a água. Pelo seu Precioso Sangue, Jesus nos aproxima, tornando-nos ainda mais próximos que parentes consanguíneos.
Por seu sangue fomos redimidos e, como fiéis, compartilhamos este dom extraordinário de sua graça e misericórdia. Esse mesmo sangue continua a nos alimentar. No santo sacrifício da Missa, o vinho é transubstanciado no próprio Sangue de Cristo.
Então, que este Precioso Sangue de Jesus nos alimente, sustente e preserve nossa união no Senhor.