Em sua alocução logo antes do Ângelus deste domingo, 21, solenidade de Jesus Cristo Rei do Universo, o Papa Francisco homenageou um padre polonês que os nazistas decapitaram em 1942 e que foi beatificado na véspera, 20, em Katowice, na Polônia: o pe. Jan Franciszek Macha, "assassinado por ódio à fé no contexto da perseguição do regime nazista contra a Igreja", resumiu Francisco.
O Papa completou: "No escuro da prisão, ele encontrou em Deus a força e a mansidão para enfrentar aquele calvário. Que o seu martírio seja uma semente fecunda de esperança e paz".
O padre Jan nasceu em 18 de janeiro de 1914 na província polonesa da Silésia, de uma família em que tinha mais duas irmãs e um irmão. Entrou no seminário teológico da Silésia em 1934 e foi ordenado sacerdote em 25 de junho de 1939 - meros três meses antes da invasão da Polônia pelas tropas da Alemanha nazista, episódio que detonou a Segunda Guerra Mudial.
Durante a ocupação das forças de Hitler, o sacerdote jamais deixou de lado as corajosas iniciativas de caridade cristã para com as famílias: ele era membro, aliás, do grupo clandestino Konwalia, ou Lírio dos Vales, que prestava apoio aos necessitados, além de editar o jornal clandestino Świt, que quer dizer Aurora.
Padre Jan, mártir dos nazistas na guilhotina
O padre Jan foi preso pela Gestapo, a polícia secreta da Alemanha nazista, em 5 de setembro de 1941, numa estação de trem de Katowice. Com ele os nazistas acharam uma lista de pessoas ajudadas pelo grupo do sacerdote, além de documentos que comprovavam a arrecadação de fundos organizada pelos voluntários para auxiliar os necessitados.
Após uma sumária audiência em Katowice no dia 17 de julho de 1942, o padre Jan foi condenado à guilhotina e decapitado na prisão de Katowice em 3 de dezembro do mesmo ano. Os nazistas ignoraram todos os apelos da mãe do sacerdote para que ele fosse indultado.
O rito de beatificação do padre Jan foi presidido pelo cardeal Marcello Semeraro, prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, que declarou:
"Enquanto a violência e os abusos da guerra causavam devastação na Polônia e em todo o mundo, ele compreendeu que só a fé e a caridade permitem reconhecer em cada pessoa, criada à imagem e semelhança de Deus, a sua própria dignidade inalienável".
Milhares de padres católicos foram assassinados durante a ocupação nazista da Polônia: de 1939 a 1945, cerca de 20% dos mais de 10 mil sacerdotes diocesanos da Polônia foram mortos.
Só no campo de concentração de Dachau, já descrito como "o maior cemitério de padres do mundo", pelo menos 868 sacerdotes católicos foram assassinados pelos nazistas.