Em mensagem enviada à Assembleia Plenária do Conselho das Conferências Episcopais da Europa (CCEE) em 2019, Papa Francisco explicou como a caridade está na essência do verdadeiro cristão: “A caridade é o caminho principal da vida do cristão, como nos ensina Jesus [em Mateus 25, 35-36]. Cada vez que fazemos uma destas coisas a um de nossos irmãos, é ao Senhor Jesus que o fazemos! Esta gratuidade constitui um sinal tangível de esperança, já que nos leva a olhar para o outro como pessoa”.
Gratuidade
No início do mês, foi noticiada a morte de um homem que talvez tenha recebido esse chamado divino quando se aproximava do final da vida. O advogado Orlando Di Giacomo Filho faleceu em 2012, aos 72 anos, após uma luta de três anos contra um câncer no pulmão, e só neste mês foi divulgado que o jurista deixou R$ 16,4 milhões, o que correspondia a 90% de seu patrimônio, como herança para o Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp) e para o Hospital Sírio Líbanês, aos cuidados do qual passou seus últimos dias.
Segundo relatos de familiares, além dos médicos que conviveram com Giacomo Filho durante o longo tratamento oncológico, o advogado era um entusiasta da ciência e queria que seu patrimônio fosse usado para financiar pesquisas, tratamentos e dar mais estrutura para as instituições que visavam sanar o mal do qual ele mesmo sofria. A fachada do Icesp está sendo reformada com parte do valor generosamente deixado por Di Giacomo.
Legado
O falecido havia deixado registrado em testamento o seu desejo de que a maior parte de sua herança fosse deixada para as duas instituições de saúde, o que só se concretizou em 2019. Como era solteiro e não tinha filhos, os outros 10% da herança foram distribuídos entre amigos, afilhados e pessoas próximas do advogado, que encerrou sua bem-sucedida carreira no direito como advogado e sócio do escritório Demarest & Almeida Advogados, que possui centenas de funcionários em filiais em São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Nova York.
O profissional também se notabilizou como fundador do Centro de Estudos das Sociedades de Advogados (Cesa), mas sua verdadeira missão talvez tenha sido deixar um legado que tem o potencial de salvar vidas e de ajudar centenas de pessoas que acometidas pelo mesmo sofrimento que ele teve. Antes de morrer, ele encontrou um propósito e este permaneceu mesmo depois de Di Giacomo Filho perder a vida. Um exemplo para todos nós.
Como consta na Bíblia no salmo citado pelo Papa, Mateus 25, 35-36: “Porque tive fome, e destes-me de comer; tive sede, e destes-me de beber; era estrangeiro, e hospedastes-me; estava nu, e vestistes-me; adoeci, e visitastes-me; estive na prisão, e foste me ver". Ao ajudar alguém em necessidade, estamos ajudando o próprio Jesus que teve fome. Ao ajudar o próximo, estamos ajudando nós mesmos.