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Relatório sobre abusos na arquidiocese de Munique tenta implicar Bento XVI

BENEDYKT XVI O KAPŁAŃSTWIE
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I. Media - publicado em 20/01/22
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“Bento XVI refuta qualquer comportamento ilícito”, reconheceu até mesmo um dos autores do relatório

Um relatório independente sobre abusos cometidos na Arquidiocese de Munique-Freising entre 1945 e 2019, apresentado em uma coletiva de imprensa em 20 de janeiro de 2022, acusa Bento XVI de “má conduta” no tratamento de quatro casos de abusos sexuais cometidos por padres, quando Ratzinger foi arcebispo da diocese da Baviera (1977-1982). Seu sucessor, o cardeal Friedrich Wetter, estaria implicado em 21 casos, e o atual arcebispo, o cardeal Reinhard Marx, em dois casos.

“Bento XVI refuta qualquer comportamento ilícito”, explicou um dos autores do relatório, o advogado Martin Pusch, durante a apresentação. O Papa emérito, que colaborou com a investigação, apresentou à comissão uma declaração de 82 páginas que vem publicada, com seu consentimento, no relatório.

Um texto que dá, segundo Martin Pusch, uma “visão autêntica” sobre a atitude que um eminente representante da Igreja Católica pode ter diante dos abusos. O advogado citou um breve trecho do relatório em que o Papa emérito explica sua atitude em relação a um padre supostamente abusador. O Papa emérito explica que o padre revelou-se um exibicionista, mas não propriamente um abusador.

Advogados questionaram o testemunho do Papa emérito sobre um caso. Bento XVI afirma ter estado ausente durante um encontro no qual foi decidido pela Arquidiocese de Munique acolher um padre de outra diocese conhecido por ter cometido abusos. O padre teria recomeçado os abusos uma vez instalado na Baviera. Os advogados, baseando-se na ata da reunião, julgaram que o depoimento do Papa emérito seria “difícil de confirmar”.

Dois outros casos envolvem clérigos abusadores que foram autorizados a permanecer ativos no cuidado pastoral sem restrições em suas atividades.

Cardeal Marx

"O abuso sexual na Igreja Católica não é um fenômeno do passado", disse Martin Pusch, questionando a maneira como o cardeal Marx lida com casos de abuso. O clérigo alemão apresentou sua renúncia em junho passado ao Papa Francisco – este último a recusou – ao reconhecer que havia falhado em seus deveres na gestão de casos de abusos sexuais.

O cardeal Marx ainda vai se pronunciar sobre relatório. Em uma carta publicada em julho passado, ele disse que não descarta apresentar sua renúncia pela segunda vez ao pontífice.

O relatório, encomendado pela Arquidiocese de Munique, tem 1.600 páginas. Foi produzido pelo escritório de advocacia Westphahl Spilker Wastl.

A empresa identificou 235 supostos abusadores, incluindo 173 padres, bem como 497 supostas vítimas. 60% dos abusos teriam sido cometidos em crianças entre 8 e 14 anos. A maioria dos crimes teria acontecido nas décadas de 1960 e 1970.

Reação da Santa Sé

O diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Matteo Bruni, disse aos jornalistas: "a Santa Sé considera que se deve dar a devida atenção ao documento, cujo conteúdo é atualmente desconhecido. Nos próximos dias, após sua publicação, ela tomará visão e poderá examinar oportunamente seus detalhes".

"Ao reiterar o sentimento de vergonha e remorso pelo abuso de menores cometido por clérigos - lê-se a nota vaticana -, a Santa Sé assegura a proximidade a todas as vítimas e confirma o caminho tomado para proteger os mais pequeninos, garantindo-lhes ambientes seguros".

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