O anúncio do Papa Francisco de que a próxima Jornada Mundial da Juventude será realizada na Coreia do Sul em 2027 gerou uma onda de entusiasmo entre os católicos asiáticos - que só haviam sediado uma edição do grande evento, em 1995, na capital das Filipinas, Manila. O papa reinante ainda era São João Paulo II.
O entusiasmo certamente foi ainda mais intenso entre os bispos sul-coreanos, já que o episcopado daquele país já tinha manifestado enfaticamente o seu profundo desejo de receber o maior e mais impactante evento mundial de juventude.
Em novembro passado, o arcebispo de Seul, dom Peter Chung Soon-taick, explicou uma das motivações mais pungentes para o país:
“Seria uma oportunidade extraordinária para relançar a pastoral juvenil num país que luta com o inverno demográfico e com um sistema educacional dominado pela competitividade”.
De fato, a mesma Coreia do Sul que queria e conseguiu tornar-se a sede da próxima JMJ apresenta hoje uma das taxas de natalidade mais baixas do planeta, com 0,8 filhos por casal. A preocupante diminuição do número de jovens no país repercute em todos os âmbitos – inclusive, naturalmente, na Igreja.
Dom Chung acrescentou, em sua manifestação do ano passado:
“Precisamos de um ponto de virada para a pastoral juvenil em Seul e a JMJ é uma ocasião propícia. Apresentamos o projeto aos outros bispos da Coreia, que deram seu apoio. Ainda não há nada decidido. Mas estamos preparando o dossiê para ser enviado à Santa Sé com a nossa candidatura. Pode ser uma excelente oportunidade para reunir os jovens em torno de um projeto que os torna protagonistas. Daria início a um processo. E, após concluído, seria bom compartilhar a nossa experiência com todos. Seria uma oportunidade missionária para compartilhar os valores do Evangelho em nossa sociedade”.
O catolicismo na Coreia do Sul tem uma riquíssima história de protagonismo dos leigos. Confira:
Ao mesmo tempo, a história da evangelização da Coreia do Sul é marcada pelo martírio:
Além do desafio demográfico, o país enfrenta graves problemas sociais também em decorrência da pressão desmedida pela competitividade e por indicadores de suposto sucesso individual, sobretudo nos resultados acadêmicos e profissionais. Este aspecto, mencionado por dom Chung, pode ser observado no seguinte e pungente artigo sobre o drama de muitos coreanos que morrem sozinhos: