O árabe-israelense Hussam Abu Sini e a italiana Chiara Pezzulich, ambos residentes em Israel, correram para batizar a filha neste último 19 de outubro, dia em que soaram os alertas de mísseis na cidade de Haifa, onde moram, a 40 quilômetros da fronteira com o Líbano.
"A guerra acelerou tudo", resumiu Hussam à agência católica CNA.
A pequena Marta, de 4 meses, é a segunda criança do casal. Seu primeiro filho, Giovanni, foi batizado durante a pandemia. Hussam complementa:
"Com o Giovanni nós já tínhamos entendido que o importante não era tanto a festa, que certamente é linda, mas sim o sacramento".
O casal passava férias nas proximidades de Jerusalém, com familiares e amigos, tanto israelenses quanto palestinos, quando os terroristas do grupo Hamas atacaram Israel na fatídica manhã de 7 de outubro. Desde então, o casal vem rezando o Ângelus todos os dias com esses mesmos amigos e com outros que participam online, diretamente da Itália natal de Chiara. Essa oração diária, testemunham, os ajuda a corroborar a sua esperança e a sua paz.
"A única esperança está na Igreja. Por isso queríamos que a nossa filha fizesse parte dela o mais rápido possível. Na Igreja aprendemos e acreditamos que podemos sofrer a cruz, mas a vida não termina com a morte: Cristo venceu a morte! Nele colocamos a nossa certeza e confiamos a Ele a nossa filha".
O batismo de Marta foi celebrado na igreja de São João Batista, em Haifa. A Santa Missa foi celebrada em hebraico, árabe e italiano.
"Só na Igreja pode acontecer algo assim: ouvir estas línguas na mesma celebração, juntos, longe de todas as contradições que existem da porta para fora".
Hussam, que nasceu em Nazaré, conheceu Chiara na Itália, onde havia ido estudar medicina. E é para lá que eles decidiram que Chiara viajará com os filhos caso a situação piore em Israel. O marido, no entanto, ficará em Israel.
"Sou médico, quero ajudar aqui".
A fé católica lhe dá forças diante dos riscos que ele sabe que corre:
"Não posso deixar de pensar no que pode acontecer enquanto estou longe deles. Confio na presença de Cristo entre nós. Todo o drama da vida permanece: o medo, o coração batendo forte… Mas, com Cristo, a própria vida tem mais sentido, mesmo quando as coisas não estão bem".