Em sua coluna de perguntas e respostas no portal O São Paulo, o pe. Cido Pereira recebeu uma indagação sobre um episódio do Antigo Testamento: a história de Jó, a quem Deus permitiu passar pelas mais dolorosas provações e tentações.
A leitora Carla quis saber do padre: "Quando o demônio conversou com Deus sobre tentar Jó, ele teria ido até o céu?".
O pe. Cido esclareceu:
"Carla, o livro de Jó é um grande poema ou, simplificando, uma parábola sobre o sofrimento, e é assim, como parábola, que devemos lê-lo. Então, não há por que imaginar o demônio dialogando com Deus".
E contextualizou:
"A história mostra que Jó foi um homem paciente que perdeu suas fazendas, seus filhos e a própria saúde, mas não perdeu a fé. Embora quatro amigos tentam convencer Jó de seu pecado, de sua maldade, ele não aceita; e se questiona sobre o sofrimento; às vezes, chega a amaldiçoar o dia em que nasceu. Os amigos dele entendem que Jó é culpado diante de Deus, mas Jó não aceita isso. Mesmo não compreendendo o que Deus quer, permanece firme na fé. No final, a paciente espera em Deus, da parte de Jó, é recompensada. Ele recebe o dobro de tudo o que perdeu, os seus bens e o carinho de sua família".
Mas o padre observa:
"O problema do mal não é resolvido. A solução fica no ar. Mas o livro de Jó é um convite a olharmos para Jesus, o Filho de Deus encarnado que virá ao mundo e nos mostrará com sua morte e Ressurreição que o mal não vem de Deus e pode ser vencido, e o sofrimento pode ser redentor, como foi o sofrimento de Jesus. Releia o livro nesta perspectiva, Carla".